Tuca Andrada diz que está fascinado por interpretar “o outro lado” do vilão Kaíke

Tuca Andrada já sabia que Kaíke não seria um autêntico vilão. Havia sido avisado antes mesmo das gravações de Da Cor do Pecado começarem. Mas só agora, na reta final da novela, é que o público está conseguindo realmente conhecer o “outro lado” do personagem do ator na trama das sete. É justamente essa possibilidade de fazer um homem comum, nem bom nem mau, passível de erros e deslizes, que fascina Tuca. “É aí que está a riqueza do personagem. Kaíke tem fraquezas, mas está buscando resgatar a dignidade”, defende o ator. As várias facetas de Kaíke o transformam num papel atípico.

E exatamente por não ser um personagem maniqueísta, estimula ainda mais Tuca a estudar e buscar compreender cada detalhe da personalidade do fotógrafo. “Ele tem muitas nuances, coisa difícil de se encontrar em teledramaturgia. Em geral, os personagens são muito bem definidos”, afirma.

Tuca Andrada sabe do que está falando. Afinal, experiência o ator tem de sobra. Os primeiros contatos com a profissão foram ainda adolescente, num grupo de teatro do colégio em Recife, onde nasceu. No caso de Kaíke, o ator até toma certas precauções para dar o tom exato que o personagem exige. “Em algumas falas, tenho que ter cuidado para não parecer piegas ou sacana demais, mas tenho a ajuda do texto do João Emanuel Carneiro, que é muito bom e claro no que quer”, valoriza. Tuca, no entanto, não tem o hábito de recorrer aos “laboratórios de composição” e revela que não teve nenhuma preparação específica para fazer Kaíke. “Apenas leio e interpreto”, simplifica. Tuca não disfarça o entusiasmo com Da Cor do Pecado e com o atual momento do seu personagem na trama. “O Kaíke está ocupando um espaço bem maior do que o destinado a ele”, comemora o ator.

Reviravolta

Esse crescimento se deve, em grande parte, à reviravolta que o personagem está passando. Depois de muitos capítulos como cúmplice das maldades de Bárbara, vivida por Giovanna Antonelli, Kaíke se deu conta do grau de perversidade e de loucura de sua ex-amante e se livrou do domínio dela. Mas, antes disso, ele chegou, inclusive, a ajudar Bárbara a colocar Preta, interpretada por Taís Araújo, na cadeia e enganou a moça se fazendo passar por um empregado de Afonso, papel de Lima Duarte. “Ele se apaixonou por Bárbara e ficou cego. Foi covarde, irresponsável e sempre se deixou levar por ela, mas não é um vilão”, argumenta o ator.

Agora tudo o que o fotógrafo quer é recuperar a relação com Otávio, vivido por Felipe Latgé, filho que teve com Bárbara, e desmascarar a ex-amante. Tanto que ele se aproximou de Paco, papel de Reynaldo Gianecchini, e o ajudou a provar que Bárbara quis fazer todos acreditarem que Otávio era filho de Paco falsificando o exame de DNA do menino.

De início, o fato de já ter acabado de interpretar um assecla de vilã deixou o ator preocupado. Na novela Sabor da Paixão, de 2002, ele fazia o pilantra José Carlos, cacho de Zenilda, feita por Arlete Salles. Mas logo percebeu uma diferença marcante entre os dois. Principalmente no tipo de relacionamento com as amantes. Enquanto o Zé Carlos não tinha nenhum laço afetivo com Zenilda, Kaíke realmente era apaixonado por Bárbara. “O Zé Carlos era um vilão que só queria se dar bem. Já o Kaíke foi envolvido pela Bárbara e só agora sabe o tamanho do mau-caratismo dela”, esclarece.

Resgate musical

Tuca Andrada está vivenciando uma das melhores fases de sua carreira. Além da novela, o ator está em cartaz, no Rio de Janeiro, com o musical Orlando Silva, o Cantor das Multidões. “Está bastante puxado conciliar os dois trabalhos, mas é muito prazeroso. Tanto a novela quanto a peça são um sucesso”, comemora. Além de interpretar Orlando Silva, Tuca está produzindo o musical, uma experiência inédita em sua carreira. “Está sendo fantástico. Eu só não sabia quanto trabalho dava produzir, mas conto com a ajuda de uma produtora ótima, com quem divido bem as tarefas”, revela Tuca, se referindo a Cláudia Marques.

O ator se preparou durante três anos para encenar a vida de um dos maiores “vozeirões” do Brasil. Nesse período, ele leu O Cantor das Multidões, biografia de Orlando Silva escrita por Jonas Vieira, em que a peça se baseia, e ouviu muita música das décadas de 30, 40 e 50. Tuca também redobrou as aulas de canto, pois precisava cantar de maneira semelhante aos cantores daquela época. “Nunca tive a pretensão de cantar igual ao Orlando, pois isso é impossível. Busquei apenas uma proximidade na forma de cantar”, explica.

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