Seu nome era Francisco Soares de Araújo, mas sua maior habilidade determinou a forma como seria conhecido durante pelo menos 65 dos 80 anos de sua vida (1927-2008): Canhoto da Paraíba. Nascido na pequena Princesa Isabel, no interior da Paraíba, mesmo filho e neto de músicos, precisou aprender sozinho a tocar violão, instrumento que o tornaria célebre no Brasil. É que, por ser canhoto, precisava tocar com o violão no lado oposto, mas, como tinha de dividi-lo com os nove irmãos, não podia se dar ao luxo de inverter as cordas do instrumento. A técnica toda particular, contrária à escola de violão convencional, e o virtuosismo arrancaram rasgados elogios de expoentes da música brasileira, como Radamés Gnattali, Jacob do Bandolim, Raphael Rabello e Paulinho da Viola.

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Para homenageá-lo, pela primeira vez um grupo de câmara trabalha a melodia única de Canhoto. O CD Saudades de princesa (Crioula Records), do Trio de Câmara Brasileiro apresenta 12 composições desse mestre do violão brasileiro, algumas ainda inéditas. Formado por Caio Cezar (violão, direção musical e arranjos), Alessandro Valente (cavaquinho e arranjos) e Pedro Amorim (bandolim e violão tenor) o Trio fará, até o fim de março, shows nas principais capitais do Brasil para lançar o disco, produzido por Caio Cezar e Lu Araújo. O disco e a turnê contam com o patrocínio da Petrobras, através da seleção pública do Programa Petrobras Cultural. O disco será distribuído pela Rob Digital.

O repertório começou a ser organizado por Caio Cezar em 1998, com a colaboração do próprio Canhoto, a partir de pesquisa realizada no conjunto da obra e em registros caseiros feitos em fitas K-7. Nesse mesmo ano, Canhoto da Paraíba sofreu um AVC, ficando impossibilitado de tocar e de dar continuidade ao trabalho. Caio seguiu à diante e em 2003 formou o Trio de Câmara Brasileiro, dedicado à obra de Canhoto da Paraíba. “O Trio de Câmara Brasileiro se utiliza dos contrapontos luxuosos das composições de Canhoto para executar música de câmara. Diferente do choro tradicional, na música de câmara todos solam e acompanham simultaneamente”, explica Caio Cezar.

Para Saudades de princesa, o grupo criou arranjos camerísticos para as refinadas melodias de Canhoto, mesclando choros, valsas e canções conhecidas como Visitando o Recife, Com mais de mil, Reencontro com Paulinho (feita para o amigo e seu fã, Paulinho da Viola), O grito de mestre Sérgio, Memória de Sebastião Malta, Glória da relâmpago e Lourdinha (valsa dedicada a sua filha). Das inéditas, foram selecionadas Tem dó, Saudade de princesa (homenageando a cidade onde nasceu Canhoto), Entrando na bossa, Choro na madrugada e Gaguejando.

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Serviço

Trio de Câmara Brasileiro faz show em homenagem ao músico Canhoto da Paraíba (1927-2008).
Amanhã, na Fnac Curitiba, às 19h30, (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 600, Shopping Barigui).
Informações: (41) 2141-2000.
Entrada franca.

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