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Trinca de Ases vai cantar músicas inéditas e sucessos

Em suas trajetórias, Nando Reis, Gilberto Gil e Gal Costa se tornaram protagonistas. Ou bandleaders, como diz Gil. No show Trinca de Ases, eles serão três expoentes da música brasileira dividindo o mesmo palco, os mesmos holofotes. Gal e Gil já são velhos amigos, companheiros na música, irmãos. Isso desde a juventude em Salvador, quando se conheceram pela primeira vez, por intermédio de Caetano Veloso. “Ele já estava namorando com a Dedé, a Gal era vizinha dela, e Caetano ficou logo sabendo também que ela cantava, ficou impressionado com a voz dela e nos conhecemos”, recorda-se Gil. Pouco tempo depois desse episódio, Gil, Caetano, Gal e Bethânia formariam os Doces Bárbaros. “A gente se entrelaça e se compreende de uma forma tranquila, natural”, comenta Gal, sobre Gil.

No projeto, Nando se junta aos dois amigos de longa data como o ‘caçula’. E como é para ele ser o menino impetuoso e viril dessa turma, ao lado da moça e do rapaz maduro calejado pela idade? “Primeiro, muito lisonjeado de ser citado numa música escrita por Gil. Não só apenas no projeto, como eternizado nos versos dessa música do qual eu sou um personagem. Evidentemente, tudo isso é poético, claro que pelo fato de eu ser de uma geração diferente, mas estou bem longe de ser um menino com 54 anos. No entanto, ali tem toda essa questão que, no fim das contas, é mesmo um gracejo. O fato que música é um negócio atemporal, e vou te dizer: o Gilberto Gil é uma potência de energia”, diz Nando.

Gal garante que Nando está se adaptando à dinâmica dela e Gil. “Ele tem muita admiração por Gil, ele diz que adora meu disco Índia. É muito entusiasmado. Como diz o Gil, é um menino impetuoso. Então, ele está curtindo muito”, diz a cantora.

Esse encontro inusitado dos três no palco se deu primeiro em 2016, durante um show em comemoração ao centenário de Ulysses Guimarães, idealizado pelo jornalista Jorge Bastos Moreno. Ele chamou Gil, e Nando e Gal também foram convidados. Eles experimentaram, então, a catarse no palco. “A gente fez dois ensaios, não é muito porque o show era outra estrutura, muito menor e desmembrado. O Gil apresentava quatro músicas sozinho, depois eu quatro canções sozinho, depois eu e Gil seis músicas e, então, chamávamos a Gal e cantávamos mais quatro. Mas, a partir do momento que fomos tocando, houve uma soltura, uma identificação musical, uma química”, lembra Nando. “Talvez eu e Gil tenhamos uma relação com o palco com algum grau de semelhança. Fiquei empolgado e vi que o Gil também.”

Para Gil, a sensação foi a mesma. “Do ponto de vista musical, para mim, foi meu encontro com a qualidade musical do Nando, com o tipo de violão que ele toca. Fiquei muito impressionado como o modo dele de tocar violão. Isso me animou a fazer uma colaboração um pouco mais profunda com ele”, diz o músico.

Veio, então, a decisão de prolongar aquele encontro. E os três foram organizar suas agendas – e seus projetos – para levar adiante a turnê do Trinca de Ases. Afinal, Nando está na estrada com seu show jardim-pomar; Gil acabou de gravar um disco, que ainda não tem data de lançamento; Gal gravou recentemente seu DVD e planeja um novo disco para o ano que vem.

A princípio, a turnê deve se estender até o fim deste ano, e a estrutura do show é diferente do projeto que eles participaram em 2016. As apresentações não serão mais em blocos: agora, os três estarão sempre no palco. A última semana foi intensa para o trio, com os ensaios finais e participação no Fantástico, que vai ao ar neste domingo, 30.

Nando está em êxtase por dividir o projeto com Gil e Gal, que, segundo ele, junto com Caetano, são grandes referências na sua formação musical. E identifica discos históricos, como Expresso 2222, de Gil, Índia, de Gal, e o álbum de Londres de Caetano, o Caetano Veloso, como os pilares dessa influência. “Venho de uma família muito ligada à musica, tenho irmãos mais velhos, sempre compramos muitos discos e íamos muito a shows. E eu, desde muito cedo, não só ouvi discos como fui a esses shows e a maioria deles de Gil, Caetano e Gal”, conta Nando. “Vi, por exemplo, Gal Fatal muito pequeno, com 9 anos.”

Gil e Gal contam que conhecem Nando desde seus tempos de Titãs. Gil e Nando se encontraram uma ou duas vezes no palco em projetos. Com Gal, em 2016, foi a primeira vez. “Conheço as coisas dele, que a Cássia (Eller) cantava, mas eu não tinha uma intimidade muito grande com a obra do Nando. Estou tendo agora e está me surpreendendo, porque tem umas coisas bem bonitas”, diz Gal. Assim como Nando, ela e Gil estão animados com o show em parceria. “Acho que esse mistura musical do violão do Gil com o violão do Nando, com minha voz dá um bom caldo. E, misturar essas coisas, você imagina que não pode dar certo, mas com música pode tudo.”

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