Uma das musas da Jovem Guarda, Martinha fez fama como cantora no histórico movimento musical que surgiu na década de 1960 – e do qual também fizeram parte nomes como Roberto e Erasmo Carlos, Wanderléa, entre tantos outros. Mas a artista tem uma vasta e rica obra como compositora. Inclusive, com muitos sucessos. E é justamente sobre esse seu lado autora que o show Martinha – Minha História joga luz, nesta terça, 16, no Teatro Itália, em São Paulo, com ingressos já esgotados. Da homenagem, participa uma longa lista de artistas, de diferentes gerações, como a contemporânea Wanderléa, Sérgio Reis, Maria Alcina, Agnaldo Rayol, Ayrton Montarroyos, Silvio Brito, Wanessa Camargo, entre outros.
Eles se revezam no palco, dando interpretações próprias a canções compostas por Martinha ao longo de sua carreira. A ‘ternurinha’ Wanderléa, por exemplo, cantará Eu Daria Minha Vida – que Martinha, aliás, considera um marco na sua trajetória -; Eu Te Amo Mesmo Assim terá Cida Moreira ao piano; Tudo será interpretada por Claudette Soares e Pouco a Pouco, por Gilliard; Barra Limpa será relembrada na voz de Érika Martins; isso para citar alguns exemplos das músicas selecionadas para compor o repertório. Durante a apresentação, serão exibidos também depoimentos gravados em vídeo por Roberto e Erasmo.
Martinha não cantará no show: vai fazer apenas uma participação ao final, declamando um poema em homenagem à sua mãe, Dona Ruth, de 93 anos, que estará no show. “Estou com um problema relativamente sério nas cordas vocais, se chama edema de Reinke, e o que aconteceu eu não sei. Foi descoberto há coisa de 2 meses, estou começando a fazer um tratamento, para depois talvez fazer uma cirurgia. Mas ficaria feliz se eu não tivesse que fazer, porque tenho medo de cirurgia, tenho medo de ser afastada dos palcos”, revela Martinha.
Aos 69 anos, a cantora e compositora nascida em Minas, mas há anos radicada em São Paulo, lembra com alegria dos tempos de Jovem Guarda. “Fui lançada em 1966, e foi um impacto grande na minha vida, mudou completamente. O Roberto Carlos foi quem me lançou”, conta ela. Foi nessa época também que nasceu o carinhoso apelido Queijinho de Minas. “Todo mundo da Jovem Guarda tinha um nome pelo qual era chamado na hora de ser anunciado no programa. Por exemplo: a Wanderléa era a Ternurinha, o Erasmo, o Tremendão. No primeiro dia em que cantei, não tinha nada bolado para mim. Então, eles pensaram quase em cima da hora de eu entrar, que o melhor produto de Minas é o queijo. Ficou, então, Queijinho de Minas. Até hoje as pessoas brincam comigo com isso”, diverte-se.
Martinha conta que, na sua carreira, cantar e compor andaram juntos desde o início. Mas, apesar de ter composições suas gravadas por Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Gilliard, Roberto Carlos, entre outros, ela sempre foi mais conhecida como cantora – talvez por sua grande exposição nos palcos durante a Jovem Guarda. “O compositor está sempre em segundo lugar. Primeiro vem o intérprete, o cantor ou a cantora, mas isso é assim mesmo, ainda hoje é assim”, ela concorda. “Mas, quando as pessoas descobrem a obra da gente, prestigiam mais. Eu como cantora sou bem conhecida mesmo, mas como compositora também.”
O show com convidados no Teatro Itália será gravado e lançado em CD pela gravadora Discobertas. Vai render também especial de TV. Show e disco são idealizados e produzidos por Thiago Marques Luiz. “Essa homenagem vai ser um marco na minha vida”, comemora Martinha. Ela também fala com entusiasmo sobre sua biografia, que está sendo escrita por Daniel Saraiva. “Ele está fazendo um apanhado de toda minha vida”, conta. “Minha vida tem passagens maravilhosas que são desconhecidas.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.