O programa Tribuna na TV, da TV Iguaçu, apresentou ontem a última matéria da série de reportagens sobre as rodovias paranaenses. A equipe formada pela repórter Renata Bonacin, pelo repórter cinematográfico Irany Carlos Magno e pelo motorista Geraldo Xavier percorreu todos os 2,5 mil quilômetros de estradas do Anel de Integração e mais algumas rodovias não pedagiadas. Foram sete dias de viagem, quinze horas de gravação, cem entrevistas e um dado no mínimo curioso: à exceção do diretor regional da Associação Brasileira das Concessionárias de Pedágio (ABCR), João Chiminazzo Neto, apenas um dos entrevistados concordou com o preço cobrado pelo pedágio.
Entre os outros 99 entrevistados, muitos achavam que a cobrança é necessária, mas que o preço é alto. Já os outros eram contra inclusive a cobrança. Entre as palavras utilizadas para dimensionar o valor da tarifa apareceram: “abusivo”, “excessivo”, “injusto” e até “roubo”.
Segundo o Departamento Inter-Sindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a maneira como é feito o reajuste dos pedágios é equivocada. Enquanto a tarifa teve quatro altas em sete anos, o que somou 144% de reajuste, a inflação do mesmo período foi de 61%. “O reajuste deveria acompanhar o Índice de Preços ao Consumidor (IPC)”, afirmou o economista do Dieese, Cid Cordeiro.
Na matéria de ontem, por entrevistas com pessoas que de uma maneira ou de outra tiveram a vida mudada devido ao pedágio, a reportagem mostrou o impacto econômico da cobrança no Paraná. A problemática vai desde os caminhoneiros que não recebem de volta o valor gasto no pedágio, sendo obrigados a arcar com prejuízo, passa pelos comerciantes à beira das estradas e termina no impacto nos preços de todos os produtos que são transportados via rodovias.
Outro lado mostrado foi o benefício que 89 cidades do Paraná receberam com o aumento no pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) das concessionárias. Morretes, no litoral do Estado, por exemplo, tem uma arrecadação total anual de R$ 765 mil, dos quais R$ 656 mil vieram de ISS pagos pela Ecovia. Com isso, o hospital da cidade foi reativado, passando a fazer 4 mil procedimentos/mês.
Discórdia
Para o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Rogério Tizzot, apenas 30% do arrecadado é revertido em benefício do usuário. Segundo ele, estudos do DER apontam que tarifa teria que ser reduzida 27% em média. Já Chiminazzo disse que as concessionárias já investiram R$ 1 bilhão, e que o preço cobrado é justo. Segundo ele, uma redução traria problemas financeiros às empresas, que não conseguiriam cumprir os contratos. “O pedágio do Paraná é o mais barato do Brasil”, garante o diretor da ABCR.