Três grupos se unem para ocupar o histórico Arena

São Paulo – Indubitável a importância histórica do Teatro de Arena no panorama teatral brasileiro, palco da estréia da peça Eles não Usam Black-Tie, de Guarnieri, sob direção de José Renato, celeiro de dramaturgos, atores e diretores sobretudo nas décadas de 50 e 60. Depois do desmonte dos anos de chumbo, seguido de um período de abandono e decadência – destino comum a muitos outros "habitantes?? do centro da cidade -, esse pequeno teatro da Teodoro Baima, atualmente administrado pela Funarte, passou a abrigar grupos teatrais que, aos poucos, vêem novamente atraindo para o local um público jovem. O último deles foi a Cia. Livre, que resgatou a história do Arena em depoimentos e palestras de seus fundadores e ainda manteve em temporada o espetáculo Arena Conta Danton.

Agora será a vez de conferir a parceria de três companhias – Andarilhos, Canhoto Laboratório de Artes e Representação, e Núcleo Cênico Árion – cujo projeto intitulado 3 em 1: um por (todos) 2 por hum!!! ganhou a concorrência para ocupar o Arena neste semestre. Até junho, já estão programadas seis estréias no local: quatro peças adultas e duas infantis, três delas de grupos convidados. A primeira estréia, domingo, será do espetáculo adulto Imaginários, da Cia. Andarilhos, com texto e direção de Vanessa Valente.

No dia 5 de março será a vez de Ubu Presidente, uma divertida e inteligente paródia à conhecida Ubu Rei de Alfred Jarry, dirigida por Alexandre Mate, com a Cia. Canhoto. Senhorita Danzer, texto de Marius von Mayenburg, com direção de Bernadeth Alves e sete atores do Núcleo Árion no elenco, tem estréia prevista para 18 de março. A partir de então, os três espetáculos serão apresentados em repertório semanal, em dias e horários alternados.

Mas afinal o que uniu esses três grupos? "Basicamente, a linguagem épica, a opção pela narrativa??, diz Alexandre Mate. A criação de Imaginários segue a linha dos contadores de histórias num estilo de narrativa lírica, feita para provocar o encantamento através das palavras. Histórias da tradição ibérica são a fonte de inspiração da diretora e autora Vanessa Valente. "Já em Ubu Presidente, do peruano Juan Larco, a linguagem épica se aproxima mais de Brecht. Trata-se de uma paródia deliciosa sobre o poder político numa republiqueta latina.?? A seriedade com que Bernadeth Alves – diretora de Senhorita Danzer – vem estudando a dramaturgia alemã a uniu aos demais e funcionou como fator de atração. "Ela é uma perfeccionista??, observa Mate. Vale conferir a produção desses grupos que, como mais uma vez ocorre no Arena, têm como principal trunfo a vontade de expressão através do teatro.

Serviço – Imaginários. Texto e dir. Vanessa Valente. Dir. mus. Marcel de Oliveira. 60 min. Livre. Teatro de Arena Eugênio Kusnet (133 lug.). R. Teodoro Baima, 94, 3256-9463. 5.ª, 21h; a partir de 3/3, também dom., às 16h. R$ 10. Estréia domingo, 19h.

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