Travessa dos Editores lança Ultralyrics, de Marcos Prado

A Travessa dos Editores acaba de lançar Ultralyrics, compilação de versos do curitibano Marcos Prado, poeta, escritor, tradutor, letrista, ator e compositor morto no dia 31 de dezembro de 1996, aos 35 anos. Organizado pelo diretor teatral Felipe Hirsch ? que conheceu Prado em Curitiba, ainda nos anos 80s, devido às suas colaborações com a banda punk Beijo AA Força ?, o livro reúne e equilibra música e poesia. Em vários sentidos. Afinal, como escreveu o também poeta Roberto Prado, irmão de Marcos, ?Ultralyrics rompe a arbitrária divisão, feita pela crítica latifundiária, que tenta separar a rica (e menosprezada) letra de música da pobre coitada (e mistificada) poesia.? Ainda de acordo com ele, Marcos gostava de ?bagunçar essa fronteira?.

Além de reunir diversas peças poéticas do autor, Ultralyrics traz encartado o novo CD do Beijo AA Força, Aquelas canções do Marcos Prado. Trata-se de uma coletânea de músicas compostas pelo grupo em parceria com o letrista que, segundo o guitarrista Luiz Ferreira, foi a figura mais influente do punk e do pós-punk da capital paranaense. Entre as faixas selecionadas para o álbum, estão Homem de ferro, Diário de um palestino, Penúltima e Música ligeira nos países baixos.

Influente e marginal

Marcos Prado influenciou o trabalho de muita gente de outras áreas, não apenas a musical. Felipe Hirsch, um dos diretores teatrais mais renomados do Brasil, é um grande exemplo disso. A ele, Prado, e à sua turma de parceiros, Hirsch disse dever muita coisa: seu humor, sua juventude e sua inspiração são apenas algumas delas. ?Sou um privilegiado por ter conhecido Marcos Prado?, conta. ?Por tê-lo escutado, e por fim aprendido que o melhor de nossa vida, às vezes, só diz respeito a nós, acontece na nossa esquina, nos porões das nossas cidades pequenas, e nunca será de domínio público, felizmente ou infelizmente.?

Outro dramaturgo, Mário Bortolotto, tem opinião semelhante. Para ele, Marcos, ?o cara que tinha horror ao tempo bom?, foi alguém que ?apressava tempestades?. ?Sua poesia é de uma liberdade assassina?, afirma. ?Do tipo que se não manda você para a sepultura, pelo menos deixa seu nariz quebrado, irremediavelmente.? Para o cartunista e artista gráfico Solda, Marcos Prado era ?um autêntico contrabandista de armas?. De acordo com o desenhista, aquela ?poesia forte, inovadora e dolorida, alegre, triste e melancólica? foi um reflexo de ?rápida e intensa passagem de Marcos Prado pelo nosso planeta?.

Sobre Marcos Prado

Marcos Prado nasceu em Curitiba, no dia 15 de dezembro de 1961. Foi poeta, escritor, tradutor, compositor, letrista e ator, considerado um dos maiores nomes da arte marginal do Paraná. Participou das coletâneas de poesia Sala 17; Reis Magros; Feiticeiro Inventor; e Outras Praias/ Other Shores ? 13 Poetas Emergentes. Em parceria com outros poetas, publicou Dois mais dois são três em um, Pérolas aos poukos, Erdeiros do azar, Eu, Aliás, Nós, Paraguayos do Universo, Passei minha mão na cara e Três quadrúpedes bípedes. Traduziu obras de Edgar Allan Poe, Dante Alighieri, Yeats, Rimbaud, Baudelaire e outros. Suas músicas foram gravadas por bandas como Beijo AA Força, Maxixe Machine, Lábia Pop e Os Cervejas. Como repórter, redator, editor, crítico e articulista, também colaborou com diversos jornais e revistas de cultura do Brasil. Publicou contos e crônicas na Folha do Paraná. Morreu em decorrência de seus problemas com a bebida, aos 35 anos, no dia 31 de dezembro de 1996.

Serviço: Ultralyrics, de Marcos Prado – Travessa dos Editores, 2005 – Seleção e organização de Felipe Hirsch. CD encartado: Aquelas Canções do Marcos Prado, do Beijo AA Força.

Textos de apresentação: Felipe Hirsch, Mário Bortolotto, Solda e Roberto Prado. Editor: Fábio Campana. Capa e projeto gráfico: Rubens Campana. 192 págs. R$ 25. 

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