(Regiane Cavassin Czelusnik e Joelma Vonkruger Lovatto. Tranquei Tranqueira no baú da história. Escola Municipal Bortolo Lovato. Almirante Tamandaré, 2004. Apoio: Vani da Papelaria)
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Antiga estação de trem de Tranqueira. |
Na Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, existe o bairro Tranqueira. O nome do bairro está causando polêmica. Alguns moradores e empresários da região alegam que o nome é motivo de chacota e desejam trocá-lo.
Essas pessoas, por capricho, querem destruir uma das referências da comunidade. Aliás, um dos prédios históricos de Tranqueira foi destruído e, no local, foi construído o Posto de Saúde, inaugurado em 11 de maio de 2001 pela Prefeitura. Cabe aqui uma observação: por que não se restaurou o prédio, que poderia ter sido utilizado para o atendimento à saúde comunitária? Ou por que não se construiu o Posto de Saúde em outro lugar?
O prédio de dois andares, que veio abaixo, havia sido levantado em 1901. Era casa comercial (construída por Antônio Stocchero) e dormitório dos tropeiros. É importante lembrar que os tropeiros foram os responsáveis por muitos falares, por vários povoados, por inúmeros costumes e sentimentos da gente paranaense. Segundo a Phd Maria Auxiliadora Schmidt (1996), o tropeirismo é ?a verdadeira história da colonização do Paraná em lombo de mulas?.
Outro imóvel que desapareceu entre as chamas, no ano passado, foi a estação de trem de Tranqueira. Relatam-se suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso. Quem teria interesse nesta façanha? É motivo de averiguação. Afinal, aquela estação, inaugurada em 1909, pertencia à comunidade.
Mas, retomando a problemática do nome, em 1986 os professores Renato Ferro Sofiati e Adalzi Catarina Gulin Paes e os estudantes da 7.ª e 8.ª séries da Escola Estadual Ângela Sandri Teixeira pesquisaram a história de Tranqueira, com apoio da comunidade.
A pesquisa não conseguiu descobrir quando surgiu Tranqueira. Já sobre a origem do nome, as fontes orais indicaram que o local foi descanso dos tropeiros que vinham do Açungui, da Ribeira e de Cerro Azul.
Os tropeiros, que viajavam levando animais para vender, tinham que passar pelo fisco, ou seja, a cada cabeça de gado transportada era cobrada uma taxa de imposto. Para que a cobrança se realizasse, foi necessária a construção de uma porteira que, na época, foi considerada uma tranqueira. Pelo uso constante do nome pelas pessoas que iam a Curitiba, o local ficou conhecido por Tranqueira, que é o nome que a maioria da comunidade quer que permaneça.
Adriane de Fátima Trevizan, diretora da Escola Estadual Ângela Sandri Teixeira, comenta: ?Muitas pessoas gostariam de trocar o nome do bairro, levando em consideração apenas sua opinião pessoal por expressar constrangimento ao dizer o local em que mora. No entanto, o bairro tem uma história digna do nome que recebeu?.
Jorge Antônio de Queiroz e Silva é historiador, pesquisador, professor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br.
