“Era raro sairmos de algum ensaio sem que algum dos atores estivesse chorando”, relembra Carol Futuro do período de preparação do musical Quase Normal. “Lidávamos com fortes emoções e os sentimentos sempre afloravam.” Ela é um bom exemplo – seu papel, Natalie, é o da filha eternamente rejeitada, a “garota sem cor”, uma vez que os pais se preocupam mais com Gabriel, o primogênito morto. “Sempre evitei que Natalie parecesse uma chata, pois ela passa a maior parte do tempo mal-humorada.”
O contraponto surge justamente em Henry, colega de escola que se apaixona por ela. “Henry é o elemento cômico do espetáculo, aquele que permite à plateia respirar em meio a um assunto tão delicado”, comenta seu intérprete, Victor Maia, cujos trejeitos engraçados não apenas seduzem Natalie como também o público.
Já a incessante gama de possibilidades oferecida por Quase Normal alimenta a interpretação de Cristiano Gualda, que vive Dan, o pai de família, sujeito que luta desesperadamente para restabelecer o equilíbrio caseiro. “Viver esse papel é uma viagem inspiradora, não tenho pressa para achar o tom adequado”, conta ele, cuja emoção realmente vive à flor da pele, como se observa durante as apresentações.
Seguindo uma linha dramática totalmente distinta, Olavo Cavalheiro buscou uma preparação matemática, no sentido de testar todas as diferentes possibilidades permitidas pelo seu papel, o do filho Gabriel. “Pessoalmente, passo por muitas regiões do sentimento, uma vez que meu personagem vive aprisionado na cabeça de sua mãe”, afirma o ator, cujas canções revelam uma voz límpida e encantadora.
Finalmente, o riquíssimo papel central, a sofrida Diana, defendida por Vanessa Gerbelli Ceroni, em seu 11.º musical em 20 anos de carreira. “Diana é tão complexa que preciso me jogar a cada apresentação. “Afinal, ela vive um desgaste emocional muito grande, pois lida com loucura, morte, rejeição, apego e o próprio suicídio.”
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo