Otelo, considerada uma das peças mais importantes de William Shakespeare (1564-1616), ocupa o palco do Teatro Guaíra hoje, tendo à frente do elenco o ator Diogo Vilela. Além de dirigir a montagem ao lado de Marcus Alvisi, Diogo dá vida ao emblemático Iago.
“Sinto que Otelo é uma peça mais do que necessária de ser montada hoje. Não só pela demonstração de seu aspecto moral, que nos faz refletir sobre nós mesmos, mas também pela volta quase eterna (haja vista a época em que foi escrita, 1604) da dificuldade existente em nós, seres humanos, de nos preocupar com os outros e que, por puro capricho, prepotência, ou mesmo pela tão falada competição, faz com que não aceitemos a felicidade do próximo! Tornando-nos algozes até daqueles que amamos. (…)
O colapso moral de Otelo nos impressionará muito pela sua total capacidade de desconhecer a maldade humana, tornando assim esta obra-prima de William Shakespeare um exemplo de como devemos resolver a questão da ética e do bom senso em nossas comunidades”, afirma Diogo Vilela.
A montagem
O foco principal da direção de Diogo Vilela está no trabalho dos atores, que tiveram aulas com o professor de artes marciais Dani Hu, preparação vocal com a professora russa Elena Konstantinovna e cerca de dez horas de ensaios diários. A tradução, de João Gabriel Carneiro e Leonardo Marona, ainda que preservando a poética do texto e sua estrutura em versos, privilegia a compreensão clara.
O cenário de Ronald Teixeira procura, mais do que ilustrar as cidades em que se passa a cena, criar as atmosferas e o ambiente que envolvem os conflitos da peça. Há no palco uma grande plataforma que evoca uma nave em movimento.
Sobre ela duas grandes velas náuticas feitas de material translúcido que deixa entrever um fundo de cena coberto por tapetes turcos, numa referência à ambientação luxuosa de Veneza.
As ações se dão sobre a plataforma e abaixo, ao seu redor, onde um piso espelhado dá a idéia de profundidade, como num abismo. A comunicação entre altos e baixos se dá através de pequenas escadas e acessos, que aludem às vielas e pontes de Veneza. O tom acobreado predomina na cena, remetendo ao desgaste do tempo.
Os figurinos de Pedro Sayad, releituras de uma época situada entre os períodos renascentista e elisabetano, fazem contra ponto ao cenário: no ambiente luxuoso de Veneza, o que se vê são roupas sóbrias em tons marrons e dourados; já em Chipre, onde não há mais o luxo veneziano, predominam nas roupas os tons vibrantes e coloridos. A iluminação é do veterano Jorginho de Carvalho.
Serviço
Espetáculo Otelo, de William Shakespeare. Hoje, às 21h, no Teatro Guaíra/ Grande Auditório (Rua XV de Novembro, 971). Os ingressos variam de R$ 40 a R$ 80, à venda na bilheteria do teatro. Meia-entrada para estudantes e pessoas acima dos 60 anos. Informações: (41) 3304-7900 e 3304-7982. Classificação: 14 anos.