Uma literal tragédia grega de 2.500 anos atrás para chamar a atenção para o problema da violência na atualidade é uma das propostas da peça Medéia, que estreia hoje em Curitiba.
O espetáculo, que tem direção de Marcelo Marchioro, é uma livre adaptação do texto original de Eurípedes (de 427 a.C.). No elenco estão Claudete Pereira Jorge e Helena Portela.
A história, que se passa na cidade de Corinto, conta o desenrolar de uma discussão entre Medéia (Claudete Pereira Jorge) e Ama (Helena Portela), que planejam se vingar de Jasão, marido da primeira, que a trocou por outra. Após abandonar Medéia, Jasão se casa com a filha do rei Creonte.
Ameaçada ser expulsa da cidade, Medéia vinga-se matando a noiva, o rei e, por último, seus próprios filhos. O texto de Euripedes levanta algumas questões sobre a condição feminina na Grécia antiga. Medéia reflete sobre o que é ser mulher neste contexto, em que não pode recorrer ao exercício da pública razão para se defender judicialmente.
Para Marcelo Machioro, que volta aos palcos cinco anos desde sua última direção, a história de Medéia reflete tragédias que acontecem na atualidade, da mesma forma em que aconteciam a quase 500 anos antes de Cristo.
Segundo o diretor, o gênero exige uma atenção a mais, já que mexe com sentimentos repulsivos. “Achei legal o propósito do projeto original, que é da Claudete. Assim como todas as tragédias, senti que esse seria mais um desafio”, afirma.
Para Claudete Pereira, o tema pesado do espetáculo tem o papel de despertar a consciência do espectador para o problema da violência. “Infelizmente hoje a violência ta mais ficando refinada, até na crueldade. Você ainda vê pais jogando filhos da janela. Com a peça, talvez a agente expurgue um pouco dessa violência que tem dentro de cada um”, diz.
Serviço
Medéia.De 13 maio à 20 junho, no Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha). Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos a R$20,00.