‘Tosca’ reabre temporada de exibição de ópera no cinema

Uma montagem de “Tosca”, de Puccini, abre hoje a temporada 2009/2010 de transmissões no cinema de óperas do Metropolitan de Nova York. Estrelada pela soprano Karita Mattila e o tenor Marcelo Álvarez, a produção abriu em outubro a temporada do teatro, provocando polêmica pela abordagem moderna do diretor Luc Bondy, vaiado, ao lado de sua equipe, na estreia.

“Tosca” é uma das óperas mais amadas do repertório lírico. Amor, traição, desejo, ciúme, vingança – está tudo lá, no que a ópera italiana tem de melhor. A protagonista, uma cantora lírica da Roma do início do século 19, se vê perante um dilema: ceder ao desejo do chefe de polícia Scarpia ou ver seu amante, o pintor e revolucionário Maria Cavaradossi, ser torturado e morto.

A reação do público nova-iorquino talvez tenha menos a ver com a produção em si e mais com o fato de que ela substituiu outra, há 30 anos no repertório do Metropolitan, assinada por Franco Zeffirelli. Os cenários eram deslumbrantes, detalhistas ao extremo segundo o desejo naturalista do diretor. Bondy opta por outro caminho, mas sem grandes inovações: seus cenários são limpos, mais sugerem do que contam, mas não há nenhum aggiornamento, ou seja, a ação se passa na Roma original do libreto, Cavaradossi é mesmo um pintor, Scarpia, o chefe de polícia e por aí vai.

O aspecto mais controverso é a direção de atores. O ciúme de Tosca, no primeiro ato em que visita seu amante na igreja em que ele pinta um retrato, a leva à beira de um ataque histérico – da mesma forma, na cena final, vemos uma Tosca diferente, disposta a enfrentar os policiais que a perseguem. Não é a personagem a que estamos acostumados – mas a leitura de Bondy sai de possibilidades sugeridas pelo libreto.

Já a concepção do chefe de polícia Scarpia peca um pouco pelo excesso. Fazer dele uma figura psicótica, de olhar vidrado, rodeado por prostitutas antes de receber Tosca em seus aposentos, trai um pouco a ideia do personagem. Scarpia é um grande vilão não apenas porque condiciona a libertação de Cavaradossi a uma noite de amor com Tosca – o que o torna especial é o prazer da tortura, o jogo de sedução, poder, desejo em que se insere. A “maldade” de Scarpia é sofisticada, elegante, fria, cruel. Aqui, perdeu um pouco de sua força. Mas o bom desempenho vocal do barítono George Gagnidze diminui o estrago. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tosca (EUA, 128 min.) – Dir. Luc Bondy. Cine Bombril – 14 h, 19 h. Espaço Unibanco – 17 h. Livre. Até o dia 19. Outros Títulos – Novembro: Aida, de Giuseppe Verdi (estreia no dia 27); Dezembro: Turandot, de G. Puccini (estreia no dia 13). Em 2010: Os Contos de Hoffman, de Offenbach; O Cavaleiro da Rosa, de Strauss; Carmen, de Bizet; Simon Boccanegra, de Verdi; Hamlet, de Ambroise Thomas; Armida, de Rossini.

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