O compositor Tom Zé estará lançando, com show no Teatro da Caixa nos dias 14, 15,16 e 17 de junho, seu mais recente CD "DANÇ-ÊH-SÁ, Dança dos Herdeiros do Sacrifício".
O ano de 2006 teve um significado especial para o compositor, que completou 70 anos de idade no dia 11 de outubro. Mas quem acabou ganhando o presente foram os interessados em música com altíssimo grau de originalidade, inspiração e qualidade. Com um álbum que inova conceitos, elaborado a partir de uma pesquisa de marketing que aponta a obsessão da juventude pelos comportamentos hedonistas e música eletrônica, além de questões estéticas como "o fim da canção", Tom Zé ‘remixa’ esses elementos com as mais profundas raízes culturais do Brasil.
São obras incomuns, produtos de um cérebro inquieto e criativo, e que abrem novas perspectivas, estabelecem outros pontos de apoio e referência, amarram fios que estão soltos e soltam fios que estão presos, produzindo, por fim, uma arquitetura sonora absolutamente inovadora.
"O repertório do show no Teatro da Caixa", explica Tom Zé, "é composto por todas as peças do disco, sempre acompanhadas de uma canção minha antiga, como referência paradoxal".
Enquanto o Tropicalismo vira peça de museu (não podemos esquecer que até o badaladíssimo Tate Modern Museum, de Londres, abrigou recentemente uma série de eventos sobre esse tema, tendo Tom Zé participado com um grande show no Barbican Center) o artista volta a virar tudo pelo avesso, projetando sua música anos-luz á frente.
Palestra na Reitoria
No dia 16, às 15 horas, Tom Zé estará fazendo uma palestra no Teatro da Reitoria (com entrada franca). Segundo o artista, nessa palestra não se falará "da fundamentação da metafísica dos costumes porque embora seja muito útil, é coisa muito severa. Falaremos da metafísica sertaneja, absolutamente infensa a toda a tradição grega, sorrateira se esculpindo pelos cantos do mundo, nas mãos de uma tal cultura moçárabe ou da canção celta do século X, ou do Infante D. Henrique com sua idéia astuta de reunir em Sagres todos os estudantes e fanáticos da ciência náutica".
E prossegue Tom Zé discorrendo sobre o tema da conversa na Reitoria: "Disso vamos falar. Dessa ciência que estava ao lado do berço quando eu nasci, numa inaudita dança dramática chamada Chegança, cuja função, além de tratar, em seu enredo, todo o manejo de instrumentos náuticos, era expulsar os árabes. Ora, expulsar que árabes? Expulsar a nós mesmos de dentro de nós, já que somos árabes e, como cristãos convertidos, também judeus? Assuntos, esses e aqueles, que estão inscritos na pauta de minhas músicas. Conversemos sobre os poetas provençais que ainda viviam quando eu nasci e ditavam a primeira língua que falei, a língua da roça, a língua que dizia ‘é um dia, é um dado, é um dedo / chapéu de dedo é dedal’, acrescenta Tom Zé.
Serviço:
Show de Tom Zé. Teatro da Caixa, de 14 a 17 de junho. Quinta a sábado às 21 horas, e domingo às 19 horas. Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (clientes, idosos e estudantes), à venda no Teatro da Caixa (rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações 2118-5111 e 2118-5233.