Por quatro dias, o calhamaço de papéis foi deixado de lado por Clint Eastwood sobre sua escrivaninha. O título escrito ali, “Filme sem nome sobre o Milagre do Rio Hudson”, não havia captado a atenção do diretor norte-americano. Por quatro dias, a agente dele ligava e repetia a mesma pergunta: “Você já leu o roteiro daquele filme sobre o Milagre do Hudson?”, dizia ela do outro lado da linha.

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“Percebi que algo havia realmente chamado a atenção dela”, contou o senhor Eastwood em um bate-papo com a imprensa internacional sobre Sully – O Herói do Rio Hudson, filme que chega às telas brasileiras nesta quinta-feira, 15.

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Eastwood achava que sabia tudo o que precisava a respeito da aterrissagem forçada do voo 1549 da US Airways no Rio Hudson, que corta o Estado de Nova York e banha o lado oeste da ilha de Manhattan, poucos minutos depois de decolar do aeroporto de La Guardia com direção a Charlotte, em 15 de janeiro de 2009. “Lembro-me de acompanhar com muita atenção todo o noticiário sobre o ocorrido”, recorda o diretor. Diante da insistência da agente, deu uma chance ao roteiro de Todd Komarnicki, criado com base no livro escrito pelo piloto Chesley “Suly” Sullenberger, o responsável por conseguir manter o avião no ar e pousá-lo nas águas negras e gélidas do Hudson sem perder nenhuma vida a bordo – as 155 pessoas, entre passageiros e tripulantes, sobreviveram. “Eu me apaixonei por essa história.”

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Eastwood, aos 86 anos e com 4 estatuetas do Oscar na estante, impressiona pela paixão com que fala sobre seus filmes – e seu currículo conta com 38 deles como diretor e 68 créditos como ator. Ao chegar à última página do roteiro, Eastwood entendeu. Não se tratava da história de um acidente aéreo evitado, mas, sim, de um homem levado a duvidar de si ao ser acusado de negligência por pousar a aeronave na água. Seria Sully o herói ou o vilão? Ambos?

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.