Ele não tinha um olho, a mão direita e dois dedos da esquerda, mas, no cinema, ganhou o bem alinhavado rosto de Tom Cruise – o coronel alemão Claus von Stauffenberg participou de uma espetacular tentativa de assassinato do ditador Adolf Hitler que, depois de sobreviver por obra do acaso, iniciou violenta onda de repressão.

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Cruise está no Brasil, onde ontem participou de entrevista coletiva para a imprensa no Rio e, à noite, do lançamento de Operação Valquíria, filme de Bryan Singer (X-Men 2), no qual interpreta Von Stauffenberg.

O título empresta o nome da malfadada tentativa de se eliminar o Fuhrer e, por extensão, o nazismo. Stauffenberg e outros sete oficiais acreditavam que o regime estava condenado ao fracasso e, no dia 20 de julho de 1944, prepararam uma emboscada dentro do bunker de Hitler, conhecido como Toca do Lobo.

Lá, durante reunião de militares, Stauffenberg deixou uma pasta contendo explosivos, que detonariam quando ele já estivesse a caminho de Berlim, onde um golpe de Estado era preparado para entrar em ação tão logo fosse confirmada a morte de Hitler. A pasta, no entanto, foi casualmente deslocada de seu local de origem por um dos participantes da reunião.

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Alguns centímetros que garantiram a sobrevida de Hitler por mais alguns meses: ele foi protegido da explosão pela pesada mesa ao redor da qual ocorria o encontro, sofrendo escoriações pelo corpo. Menos sorte teve o responsável pelo leve empurrão na valise, que perdeu uma perna na detonação, morrendo horas depois.

Embora seu desafio seja bem menos arriscado que o de Stauffenberg, Cruise enfrentou problemas durante a produção. No início, as autoridades alemãs se negaram a deixar o longa ser gravado no memorial de Benderblock, em Berlim, por Cruise pertencer à Igreja da Cientologia, que sofre forte resistência na Alemanha – assunto, aliás, vetado na coletiva de imprensa de hoje. O filme, no entanto, atiçou o mercado editorial, que produziu ao menos três lançamentos sobre a Operação Valquíria e que chegam agora ao Brasil.

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Dois deles tratam diretamente do assunto e surgiram no rastro do filme – Operação Valquíria, do alemão Tobias Kniebe (Planeta, tradução Sandra Martha Dolinsky, R$ 44,90, 322 págs.) e Operação Valkíria, do espanhol Jesús Hernández (Novo Século, tradução de Lucimeire Vergilio Leite, R$ 39,90, 338 págs.). O terceiro, Operação Valquíria, baseia-se nas memórias de outro conspirador, Philipp Freiherr von Boeselager (Record, tradução de André Telles, R$ 34, 194 págs.).