Tizuka prepara Amazônia caruana, inspirada em história de pajé

A cineasta Tizuka Yamasaki tem uma queda pelas protagonistas fortes, batalhadoras. Por meio dessas mulheres, transfere para a ficção um pouco dela própria. ?Como mulher, é mais difícil para eu entender os homens. Sou de uma geração de feministas??, observou Tizuka, em entrevista, em um hotel na ilha de Mexiana, no arquipélago de Marajó, Pará.

Belém, (AE) – É em solo paraense que a cineasta e equipe estão na fase de pré-produção de seu próximo filme, Amazônia caruana, que terá como fio condutor justamente uma mulher, Zeneida Lima. Uma pajé tirada da vida real, que nasceu na Ilha de Marajó e tem o poder de convocar as energias naturais, denominadas por ela de caruanas.

Inspirada pelo livro de Zeneida, O mundo místico dos caruanas da Ilha do Marajó?, Tizuka pretende desenvolver uma trama ficcional, pontuada por questões ligadas à preservação da natureza e à cultura e crenças locais.

Se for levado em conta desde o momento que o livro foi entregue a Tizuka pela filha de Zeneida, lá se vão dez anos de projeto. A cineasta confessa que não se interessou pela obra logo no início. ?Dei o livro para a minha sócia, que gosta desses temas e, depois, ela insistiu para que eu lesse.??

Mas foi uma previsão de chuvas fortes no Rio, feita pela pajé, que chamou sua atenção. Na época, caiu um verdadeiro dilúvio sobre sua casa, inundando tudo. ?Pensei: não está interessada pelo meu livro, vou mandar água para aquela japonesa??, gracejou Zeneida.

Para a pajé, existe a evidente preocupação de que no filme a personagem não seja encarada como uma bruxa. Esse falso mito já lhe trouxe problemas. Entre os muitos ?perrenhos?? pelos quais passou, se recordou de um em especial, que reproduziu a caça às bruxas medieval. ?Uma adolescente sumiu e falaram que eu a havia encantado. Veio um monte de gente aqui na frente de casa querendo me pegar?, contou ela. No longa, Tizuka deve incluir uma história semelhante, em que o filho de um médico que chega à ilha desaparece misteriosamente.

Orçado em cerca de R$ 10,5 milhões, parte da verba virá do governo do Pará (o convênio já foi firmado na semana passada) e outra parte, via leis de incentivo. Outro trunfo são as parcerias locais, para a garantia de infra-estrutura, como estada e transporte da equipe. Para o elenco, estão cogitados nomes como Dira Paes e Du Moscovis.

Boa parte das locações deve ocorrer em Mexiana, enquanto o restante, em Soure e Belém. Tizuka tem a seu favor o cenário, de igarapés, mangais e longa extensão de verde. Mas suas idas à região apontam dificuldades à vista: variação das marés, chuvas, longas distâncias. Porém, segundo ela, estas não são suas maiores preocupações. ?É meu filme mais difícil. Nele, foco um terreno novo.??

Obs.: A repórter viajou a convite da produção.

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