Os 22 anos da história da banda Titãs vão virar longa-metragem, dirigido pelo violonista Branco Mello e pelo diretor de seus últimos clipes, Oscar Rodrigues Alves. O material foi captado desde 1986, quando eles lançaram Cabeça Dinossauro, antológico elepê que vendeu 300 mil cópias, estourou várias faixas (Família, Polícia e até Bichos Escrotos, apesar de proibida no rádio) e os transformou em astros do rock Brasil. “Comprei uma câmera para registrar o que acontecia conosco”, conta Melo. “Hoje, temos 200 horas gravadas e daí deve sair o filme.”
Por enquanto, ele e Alves revêem e digitalizam as imagens e separam o que merece entrar no filme, que terá cerca de cem minutos e deve estrear no fim de 2005. O lançamento será independente de discos ou shows e a narrativa não se prenderá aos fatos que marcaram a história do País nestes 22 anos. “Os Titãs nunca tiveram uma ligação política, embora sua música reflita o seu tempo”, comenta Alves, fã da banda desde o início.
O grupo é um raro caso de banda de rock sem líder. Se a saída de Arnaldo Antunes, nos anos 90, e de Nando Reis, nesta década, foram baques (“fortes, mas não tanto quanto a morte do Marcelo”, salienta Branco), hoje eles pensam num futuro comum, embora cada um tenha seu interesse particular. Belotto virou escritor de romances policiais, Charles Gavin pesquisa a música brasileira da segunda metade do século 20 (e verteu para CD elepês históricos), Paulo Miklos é ator premiado (por O Invasor) e Brito dedica-se à composição para artistas fora do grupo.
“É interessante ver nas imagens antigas que tudo isso estava lá. Hoje, a gente nem convive fora do trabalho. Quando está em casa, prefere ficar com a família, se dedicar a outras atividades. Mas todas as decisões da banda são tomadas em conjunto, às vezes por votação”, conta Branco. “Documentários têm bom público, mas não sei qual será o do nosso. Se 10% das pessoas que vão aos shows dos Titãs for ao cinema, teremos uma grande bilheteria.”