Tocar na ferida sempre foi um dos pontos fortes do Titãs. E não poderia ser diferente agora, com o lançamento de um projeto audacioso, que é muito mais do que um simples disco. A banda decidiu testar um novo modelo de trabalho, uma ópera rock, Doze Flores Amarelas, que mistura o som dos paulistas à história de três mulheres, todas chamadas Maria, abusadas sexualmente por colegas de faculdade. Agora, o material virou um DVD, que foi lançado na semana passada.
À Tribuna do Paraná, Branco Mello definiu o novo trabalho como um grande desafio. “E foi algo que a gente mesmo se desafiou a fazer, pois queríamos um projeto diferente e que nos tirasse do comum, que fosse mais complexo do que só gravar um álbum”, explicou o cantor, destacando que todo o processo de produção durou quase três anos. “Foi um mergulho muito profundo, primeiro gravamos um disco em estúdio, depois montamos o espetáculo com três cantoras e dois atores e em seguida gravamos o CD e o DVD ao vivo”.
A ópera rock conta a história das três Marias, que foram abusadas sexualmente e detalham suas histórias ao longo das músicas, de uma forma direta e, em alguns momentos, até mesmo dolorosa. “Estamos lançando um projeto que é mais do que um álbum, é uma crítica e que todas as músicas se correlacionam, tocamos mesmo nas feridas que, na maioria das vezes, as pessoas têm medo de falar”.
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O novo trabalho do Titãs vem com 25 músicas novas. “O que, até neste sentido, já vai contra a corrente do que se faz hoje, num momento em que os artistas lançam só single”, definiu Mello, destacando também que, além de ser audacioso por ser um trabalho físico também, num período em que a fase digital toma conta, o novo material do grupo também é desafiador por tratar de um assalto tão pesado. “E que precisa sim ser dito”.
Segundo o cantor, apesar de ser um projeto que surgiu de caminhos diferentes, agradou muito. “É total Titãs. As músicas foram todas compostas por nós, o roteiro também foi feito pela gente, então é um projeto muito nosso, com a nossa essência e com todas as nossas preocupações e angústias também”, destacou o cantor, reforçando que mesmo com quase 40 anos de carreira a banda ainda não se sente completa. “Estamos sempre buscando coisas novas e assim será”, brincou.
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De volta aos palcos
O músico, que ficou afastado dos palcos por três meses para o tratamento de um tumor na hipofaringe, lembrou que não é a primeira vez que o Titãs faz algo que vai “contra a maré”. “A gente sempre viveu de desafios, desde o começo da carreira. Sempre desafiamos o que acontecia em nossa época e agora não poderia ser diferente, acho que isso faz parte da nossa história e as pessoas esperam isso da gente, por isso os fãs aceitaram muito bem o trabalho”.
Depois de passar pelo tratamento, que foi contado dia pós dia pelo próprio cantor nas redes sociais, como forma até mesmo de ajudar às pessoas, Branco Mello até antecipou sua volta aos palcos. No último sábado (20), ele se apresentou com o Titãs em São Paulo e já deixou claro que vai seguir. O novo projeto, disponível em CD e DVD, pode ser encontrado nas lojas de todo o país e deve virar um show, que deve começar entre março e abril do ano que vem, e que também pode passar por Curitiba. “Se Deus quiser, pois a gente adora a capital, inclusive estreamos a ópera rock na cidade e foi um momento de muita emoção”.
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