Começa nesta quinta-feira (5) o 59º Festival de Berlim com a apresentação, fora de concurso, do thriller The International, do diretor alemão Tom Tykwer, com Clive Owen e Naomi Watts. Com Cannes e Veneza, Berlim integra a trinca dos maiores festivais de cinema do mundo. E é o primeiro a realizar-se, todo ano, em pleno inverno europeu, quase sempre sob muito frio e muita neve.

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Após receber o Urso de Ouro no ano passado pelo filme Tropa de Elite, o diretor José Padilha volta ao festival, mas, desta vez, numa seção paralela, Panorama Dokument, que vai exibir seu documentário Garapa, sobre a fome no Brasil (e no mundo).

The International trata de dupla de agentes que investiga as atividades supranacionais de um poderoso banco. Segundo o diretor artístico Dieter Kosslick, o filme vai iniciar a Berlinale sob o signo da atualidade. Com a economia mundial tentando juntar os cacos da crise do ano passado, eis aí um filme que discute o capitalismo como apátrida e todo-poderoso – tão poderoso que o tal banco pode eliminar concorrentes e clientes indesejáveis, sem que nada disso afete a paz e credibilidade de sua cúpula.

Cerca de 19 mil profissionais de 120 países, incluindo 4 mil jornalistas, estarão em Berlim para o festival, que dura 11 dias. Mais de 200 mil ingressos já foram vendidos, fora todos os outros cedidos gratuitamente a convidados de todo o mundo. Para a mídia, a menina dos olhos da programação é a mostra competitiva – 18 filmes foram selecionados para a disputa do Urso de Ouro deste ano, mais oito que vão passar fora de concurso na mostra principal.

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Os olhos da imprensa estarão atentos para essa verdadeira parada de grandes filmes internacionais, mas nenhum crítico ou jornalista que se preze vai quer perder o que estará ocorrendo em outras duas mostras paralelas. ‘Panorama’ concentra o maior número de produções independentes e filmes considerados de arte. ‘O Forum’ é o território por excelência da experimentação, e por isso os especialistas dizem que o futuro da linguagem e da política do cinema, em Berlim, passa por aqui.

Outros eventos são a mostra de filmes infantis, a competição de filmes gays, a mostra de cinema alemão, o Talent Campus (com atividades para estudantes de cinema), a retrospectiva, as homenagens e o European Market, o mercado do filme europeu.

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A retrospectiva deste ano, com o título Bigger than Life, contempla o 70 mm, exibindo versões restauradas de grandes filmes de Stanley Kubrick (2001, Uma Odisseia no Espaço) e David Lean (Lawrence da Arábia, Doutor Jivago, A Filha de Ryan e Passagem para a Índia). O Urso de Ouro especial, que celebra a carreira de um grande artista, será atribuído ao compositor Maurice Jarre, sem os quais os épicos intimistas de mestre Lean não seriam a mesma coisa. Dois grandes diretores, um francês e um português, vão receber a Berlinale Kamera, por sua contribuição à arte e à indústria do cinema. Claude Chabrol e o centenário Manoel de Oliveira levam a Berlim seus novos filmes para exibir na homenagem – respectivamente, Bellamy e Singularidades de Uma Rapariga Loira.

Filmes em Competição

Alle Anderen, de Maren Ade (Alemanha);

Sturm, de Hans-Christian Schmid (Alemanha);

Rage, de Sally Potter (Reino Unido);

Cheri, de Stephen Frears (Reino Unido);

Katalin Varga, de Peter Strickland (Romênia, Reino Unido, Hungria);

The Messenger, de Oren Moverman (EUA);

Happy Tears, de Mitchell Lichtenstein (EUA);

Ricky, de François Ozon (França);

In the Electric Mist, de Bertrand Tavernier (França, EUA);

London River, de Rachid Bouchareb (Argélia, França, Reino Unido) Mammoth, de Lukas Moodysson (Suécia, Alemanha, Dinamarca);

Lille Soldat, de Annette K. Olesen (Dinamarca);

Tatarak, de Andrzej Wajda (Polônia);

Gigante, de Adrián Biniez (Uruguai, Alemanha, Argentina);

Darbareye Elly (About Elly), de Asghar Farhadi (Irã);

Mei Lanfang, de Chen Kaige (China);

La Teta Asustada, de Claudia Llosa (Peru, Espanha);

My One and Only, de Richard Loncraine (EUA).