O duo americano The Helio Sequence, criado nos anos 1990 e artista da célebre gravadora Sub Pop, sobe pela primeira vez a um palco brasileiro nesta quinta-feira, 12, no Sesc Pompeia – com a participação especial da banda Quarto Negro, que teve seu segundo disco, Amor Violento (2015), produzido pelos americanos. Os shows começam às 21h30.
A parceria começou com uma mensagem na web: Edu Praça, o fundador da banda hoje sediada em São Paulo, ouviu uma faixa do Helio Sequence em uma mixtape e se apaixonou pelo ambiente e pela produção. Depois de algum tempo, escreveu e enviou demos para Brandon Summers (voz e guitarra), sugerindo que eles produzissem o segundo álbum dos brasileiros.
“Não achei que fosse acontecer até que eles mandaram um e-mail de volta perguntando quando poderiam visitar o estúdio”, diz Summers, por telefone, de Portland (EUA), antes de embarcar ao Brasil. “Esses caras vêm mesmo? Na semana seguinte, eles bateram na porta, tomamos um café, trocamos ideias no estúdio, e logo estávamos assim ‘vamos fazer, vai ser demais’.”
O resultado foi positivo: Amor Violento é um dos bons álbuns nacionais lançados no ano passado. “Eles são bem articulados com produção e engenharia”, explica Edu Praça, do Quarto Negro. “Pela gente ter se identificado com o som deles, pegamos os timbres, fiquei sempre satisfeito. Conseguimos transpor para as músicas exatamente o que queríamos.” Os dois grupos repetem a experiência de 2015 nos EUA de dividir shows.
O Helio Sequence é um duo de indie rock inclinado para experimentações influenciadas pelo shoegaze dos anos 1990, cujos quatro últimos álbuns tiveram lançamento pela Sub Pop. A banda foi criada no fim dos anos 1990, meio que por um pedido da mãe do vocalista. “Minha mãe disse que eu tocaria num piquenique da família. Falei que não tinha uma banda, e ela então sugeriu que era melhor arranjar uma, porque já tinha avisado a todos. Benjamin (Weikel, baterista e programador da banda, amigo de infância de Summers) teve a ideia de usar um teclado para mixar os outros instrumentos, e então criamos três ou quatro jams bem longas. No dia, foi uma sensação, o pessoal do parque parou para ouvir, juntou uma galera boa, e naquele ponto soubemos que o melhor era continuar fazendo”, diz Summers.
O álbum mais recente é o homônimo The Helio Sequence (2015), que surgiu de uma brincadeira da ativa comunidade musical de Portland: o 20-Song-Game propunha que artistas surgissem com 20 músicas novas e gravadas em apenas um dia – o processo não foi exatamente assim, mas o jogo acelerou “as tendências artísticas” da dupla, como diz Summers. “Era um jeito de nos desafiar.” Sobre o título, ele afirma que foi uma reflexão depois de alguns anos de estrada. “Olhando para tudo que criamos, percebemos que todas as tendências que você tem como um artista, quando se trabalha dessa maneira mais direta, aparecem de um jeito bem rápido. Então, é meio que olhar no espelho”, explica.
Agora tocando como um trio – além do membro original Thiago Klein, pianos, o Quarto Negro acrescentou o baterista Gabriel Soares -, a banda está num momento visceral, segundo Edu, e planeja voltar ao estúdio em breve. “Tenho orgulho de que não somos presos a nenhuma estética definitiva.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.