Não se trata de uma tese mirabolante sobre Jim Morrison ainda estar vivo, gordo e careca, dono de um brechó num mercado de pulgas em Paris, e ter repentinamente decidido voltar à ativa. Jim morreu de um ataque cardíaco em Paris, em 1971, aos 27 anos, e está devidamente enterrado no cemitério de Père Lachaise, em Paris. Mas o fato é que o reformado The Doors, a mítica banda da qual Jim Morrison foi o vocalista, está chegando à América Latina – 40 anos após sua formação, nos bastidores da Universidade da Califórnia.
A polêmica reunião da banda, 32 anos depois do último show, está sendo chamada de The Doors of the 21st Century (The Doors do Século 21), e tem a seguinte formação: além dos Doors remanescentes Ray Manzarek (teclados) e Robbie Krieger (guitarra), há o vocalista Ian Astbury (ex-The Cult), Angelo Barbera (baixo) e Ty Dennis (bateria). As datas já estão fechadas para as apresentações. The Doors tocam na Cidade do México em 24 de outubro, no Auditório Nacional. No dia 27, desembarcam em Buenos Aires, no Ginásio Obras Sanitárias. No dia 29 é a vez de São Paulo, no Credicard Hall. No dia seguinte, chegam ao Rio, para show no Claro Hall.
Muita gente tem demonstrado mais descontentamento com esse “novo” Doors do que felicidade. O baterista da formação original do grupo, John Densmore (que é formado em Física), não só se recusou a integrar a nova banda como escreveu pungente artigo na revista Rolling Stone sobre o que julga ser uma “insensatez inaceitável” de Manzarek e Krieger.
Alguns moleques bobos, que provavelmente pensam que Noel Gallagher inventou o rock, acham que The Doors foi apenas uma bandinha hippie dos anos 60 e que Morrison era só um “chato pretensioso”. Bom, para dar uma medida da importância desse grupo, basta dizer que influenciou Ian McCulloch, do Echo and the Bunnymen; Eddie Vedder, do Pearl Jam; que Iggy Pop foi grande fã; e que sua música embala um dos maiores filmes de todos os tempos, Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola.