O The Cure: aposentadoria adiada e promessa de vir ao Brasil. |
São Paulo – O grupo inglês The Cure, um dos mais influentes dos anos 80, terá um lançamento luxuoso nos próximos dias. A ST2 Video está lançando no Brasil (simultaneamente à Europa e aos Estados Unidos), em meados deste mês, um DVD duplo da banda. Trilogy traz um show integral gravado no Tempodrom (em Berlim, Alemanha) em novembro de 2002, e carrega o repertório de três CDs: Pornography, Disintegration e Bloodflowers.
“Nosso último registro em filme de um concerto tinha sido em 1993, e nós ainda buscávamos um documento que pudesse capturar o quanto eram boas nossas apresentações ao vivo”, disse o vocalista do The Cure, Robert Smith, um decano do rock que chegou a anunciar sua aposentadoria com pompa e circunstância e voltou atrás de novo.
Segundo Robert Smith, os três álbuns que estão contidos nos DVDs são obras complementares, e conseguir reuni-los possibilita oferecer aos fãs do grupo uma “coisa especial, um evento único”. Ele conta que teve a idéia de fazer o DVD especial durante a Dreamtour 2000, imaginando que seria possível tocar três discos numa única noite e fazer um filme com aquilo. De fato, foi possível.
Atencioso e paciente, Smith explicou de novo por que sua permanência à frente do The Cure desmente declarações dele mesmo, dadas a jornais como o francês Libération, anunciando que ia pendurar as chuteiras. “Eu disse isso?”, perguntou. “Provavelmente, estava num dia ruim”, brincou.
Segundo o vocalista, ele continua tocando com o grupo porque, por enquanto, ainda está se divertindo, mas há um limite já fixado para o dead line do The Cure: “Nós estamos finalizando nosso último álbum e depois disso vamos sair em turnê”, adiantou. “No ano que vem, passamos pelo Brasil e só então vamos dar uma parada, que não sei se é definitiva.”
História
O The Cure gravou seu primeiro álbum em 1978, mas tudo começou em 1976, quando Robert Smith, então um garotão de 17 anos estudando em Crawley, Sussex, formou o grupo ainda com o nome The Easy Cure (A Cura Fácil), com seus colegas Michael Dempsey (baixo), Lol Tol-hurst (bateria) e Porl Thompson (guitarra). Ali mesmo, naquele começo, foram gestados alguns dos sucessos eternos do grupo, como Killing an Arab.
Em 1977, gravaram um single após ganharem uma competição de bandas pelo selo Ariola-Hansen. O grupo fonográfico, segundo conta o site da banda, queria lançar o The Cure porque via nele um “grupo pop maleável”, mas, mesmo naquela tenra idade, Robert Smith tinha outras idéias. Só no ano seguinte sairia sua estréia, produzida com 4 músicas, para o novo selo Fiction.
Ou seja: o The Cure já está na estrada há pelo menos 27 anos. O que um veterano do rock sente quando vê seus contemporâneos, gente como Mick Jagger e Robert Plant, ainda saracoteando nos palcos? “Há uma grande diferença, por exemplo, entre Mick Jagger e eu. Para mim é mais fácil envelhecer em cena porque minha atuação nunca esteve relacionada a uma promessa de potência e sexualidade exuberante. Eu construí minha carreira sobre emoções. Um exemplo disso é Neil Young: se você o vê em cena, não quer saber se algum dia ele foi novo, ele é e será sempre Neil Young. Fica muito bem no palco. Mas Mick Jagger parece um pouco desorientado tentando parecer um garoto.”
Com 20 discos gravados e 27 milhões de discos vendidos em sua carreira, o líder e inventor do fenômeno The Cure ainda acha tempo para dar uma olhadela no que está acontecendo lá fora. “Gosto de Strokes, acho legal. Mas gosto mais de uma banda escocesa chamada Mogwai. Eu sou muito ligado à poesia, às letras, então não fico ligado no que chamam de “novo rock” ou “novo som”. Quero saber o que dizem.” O The Cure tem em sua formação, além de Robert Smith (voz e guitarra), os músicos Simon Gallup (baixo), Perry Bamonte (guitarra), Roger O?Donnell (teclados) e Jason Cooper (bateria).