Aberta ao público na última sexta-feira no Museu Oscar Niemeyer (MON), a exposição Eternos tesouros do Japão deve atrair milhares de pessoas durante os três meses em que estará aberta. A mostra faz parte da comemoração dos cem anos da imigração japonesa no Paraná, que ocorre em 2008. O Estado é o segundo estado da Federação em número de japoneses. Imigrantes, estudantes, amantes da arte japonesa, dos samurais e curiosos, estão sendo atraídos com a coleção, parte o acervo do Museu de Arte Fugi de Tóquio. Entre as principais peças estão elmos, espadas e armaduras decorativas que remontam a época dos primeiros xogunatos (regimes militares).
Para que se entenda a importância e o valor cultural das peças, o público pode se inteirar sobre o período da história japonesa. Os exemplares foram confeccionados no período Heian (794-1185), época em que o Japão corta relações com a China e surgem os saburais, que deram origem aos samurais; Kamakura (1185-1333), quando surge o primeiro xogum, Minamoto Yoritomo. Nesse período o governo passa a ter como base o código de honra dos samurais. Seguem peças dos períodos Muromachi (1338-1573), Momoyama (1573-1603), Edo (1603-1867), Meiji (1868-1912), Taisho (1912-1926) e Showa (1926-1989). Na cultura japonesa os períodos marcam a passagem de eras, evolução política, social e sucessão de imperadores.
?Apresentamos na exposição uma espada de 700 anos, do período Kamakura, considerada a geração mais importante de espadas?, conta o curador do Museu Fugi de Tóquio, Akira Gokita. Na época em que a espada foi confeccionada foi o período onde mais se travavam guerras no Japão, por isso tem uma importância histórica e seu material é único. ?Havia muita demanda de espadas na época?, diz. Forjado em um fogo a mais de 130º C, o ferro era forjado enquanto quente para ter a curvatura desejada. A espada era esquentada e esfriada na água seguidas vezes, até que o metal tivesse condições de alta resistência. Hoje as espadas são desejadas como objetos de arte, além de simbolizar poder, mesmo que seu dono não precise utilizá-la.
A exposição ainda traz um elmo com desenhos de libélulas do século XVI, o que significa a grandiosidade dos clãs, em uma época onde não houve guerras. Outro destaque é uma armadura com 250 anos de idade. Trabalhada em madeira, couro, seda, algodão, metais e ferro (no elmo), ela é considerada uma obra de arte completa. ?Essa armadura não foi usada em guerras, mas é um exemplar de muitas que serviam de defesa para os samurais?, conta Gokita.
No meio do salão do Olho o público se depara com diversos biombos. Eles chamam a atenção pelo tamanho. Com aproximadamente 2m de altura e 5m de largura, em sua maioria são trabalhados com camadas de folhas de ouro e mostram desenhos simbólicos. Num deles há uma fênix, que simboliza coisas boas. Em princípio, os biombos eram usados para dividir ambientes, mas devido às camadas de ouro, eles também iluminavam as salas. Outras peças como caligrafias decorativas de um grande mestre da cerimônia do chá, caixas de pincéis, de medicamentos e quadros completam a exposição. Os Eternos tesouros do Japão ficam no Museu Oscar Niemeyer até o dia 19 de novembro. Mais informações pelo telefone (41) 3350-4400.