Oboés, fagotes, clarinetes, trombones, violoncelos, contrabaixos gigantes, delicadas violas e violinos, tambores de percussão, pianos sofisticados, entre outros. Uma verdadeira artilharia musical. Músicos vindos de todos os cantos do Brasil e do mundo ocuparam o coração da cidade de Jaraguá do Sul no mais elegante e bem equipado espaço, o prédio da Sociedade Cultura Artística, do dia 29 de janeiro até este sábado (11), para promover o FeMuSC – Festival de Música de Santa Catarina.
Depois de 15 dias, o FeMuSC-2006 encerra as atividades hoje. Foram 430 alunos em oficinas ministradas por 35 professores. No apoio técnico e operacional, uma equipe de 80 profissionais sob a direção artística de Alex Klein promoveram quinze concertos oficiais, 80 concertos sociais (em praças, asilos, hospitais, creches, escolas e empresas da cidade, estendidos também para os municípios de Blumenau, Joinville, Rio Negrinho, São Bento do Sul, Guaramirim).
?O evento superou todas as expectativas. Claro que tivemos que enfrentar algumas dificuldades, o que é normal em festivais dessa natureza, mas, por diversos momentos, recebemos sinais da evidente satisfação por parte de professores, alunos e, também de importantes membros da sociedade e público em geral?, conta o maestro e oboísta, Alex Klein. Além da preocupação com a música, Klein destaca ainda a importância da união de jovens, como uma oportunidade de repassar diversos valores, entre eles a amizade e a troca de experiências entre as culturas.
Ousadia
?Nós tínhamos convicção de que era algo novo. E o novo assusta. Mas foi uma ousadia deu certo?, afirma Cloris Ferreira, diretora executiva do festival. Na opinião dela, o balanço é positivo. Ela reconhece que todos tiveram que trabalhar duro para providenciar toda a infra-estrutura aos alunos, como aulas, acomodação, alimentação e transporte. Para o maestro Daniel Bortholossi, diretor pedagógico, o festival proporcionou a união de talentos com o objetivo de difundir ainda mais a música erudita. Estiveram no evento dezenas de professores de orquestras brasileiras, como a do Paraná, do Rio Grande do Sul, da Paraíba e até de Chicago (EUA), da Argentina e de Stuttgart (Alemanha). Tudo isso resultou na formação de quatro orquestras sinfônicas, vários grupos de câmara, duos, trios, quartetos. ?Foram grandes encontros musicais num só evento. Nós fizemos algo que nunca havia sido feito em outros festivais do gênero: formar novas orquestras. E isso deu um brilho ainda maior para o FeMuSC?, garante.
A flautista Jennifer Heinrichs, 21 anos, saiu de Curitiba com o objetivo de ter aulas com um dos mestres mundiais da flauta, o francês Michel Debost. ?Além de aprender boa música, pude conviver com pessoas diferentes e saber como elas vêem o mundo e conhecer um pouco de suas culturas?, diz ela.
Mas planos dos organizadores não terminam com o festival. Uma próxima edição já está sendo estudada para o ano que vem. ?Nós vamos manter a chama acesa e a base vai continuar sendo Jaraguá do Sul. Mas, na próxima edição, queremos abranger também outras regiões, já que temos o apoio do Governo de Santa Catarina que fez o repasse de R$ 350 mil para esta primeira edição?, anuncia Cloris Ferreira.
Além disso, os três diretores continuam com seus planos pessoais e musicais. O oboísta segue com sua agenda de ?músico viajante?. Ainda este ano, Klein se apresenta em diversas orquestras nacionais, além de tocar no Japão, Estados Unidos, Havaí, França e Israel. Bortholossi, como maestro da Orquestra Filarmônica da Scar de Jaraguá do Sul, pretende desenvolver outras orquestras, cumprir agenda de concertos pelo Brasil como regente convidado e tem novos projetos, inclusive para o segundo semestre. Ele está programando o Natal do Vale Europeu com mais de vinte concertos por toda a região norte de Santa Catarina. Já Cloris Ferreira volta para Curitiba, para mais desafios. ?Nós não vamos parar. Vou dar continuidade neste ano a festivais de dança, de cinema e de música de câmara?, revela.