Chega ao fim, neste sábado, o principal evento de dança do Brasil. Desde 20 de julho, quando foi aberto oficialmente pelo Mazowsze – Balé Nacional da Polônia, até o dia 30, 255 coreografias se apresentam na Mostra Competitiva e no Meia Ponta – Mostra Competitiva.
Depois de alguns dias de chuva, o sol voltou a brilhar no 23º Festival de Dança de Joinville, que neste ano, teve a participação de 196 grupos de 16 estados e da Argentina. O curador da Bienal da Dança de Lyon, Guy Darmet também está em Joinville para conferir o evento, que neste ano foi registrado pelo Guinness Book como o maior do mundo em número de participantes.
A organização do evento já faz a contagem regressiva com saldos positivos. O principal deles continua sendo o estímulo para a produção e qualidade técnica e artística da dança no país. Ser selecionado para o Festival de Joinville e conquistar uma premiação, passando pelo crivo de jurados especializados e renomados no Brasil e no exterior, são fatores que estimulam o aprimoramento dos grupos a cada ano.
Mas, como o Festival de Joinville também investe na formação e informação dos participantes, a programação didática deste ano foi um dos destaques. Além dos 38 cursos e três oficinas, o Festival ampliou a programação do E Por Falar em Dança, um dia destinado ao debate e ao intercâmbio cultural entre coreógrafos, professores, pesquisadores, estudantes e profissionais.
Ocorrido no dia 25 de julho, o E Por Falar em Dança trouxe como novidades em 2005, a apresentação de pesquisas científicas sobre dança, uma Mostra Comentada de Vídeo-Dança, a discussão sobre projetos sociais, o mercado de trabalho nas escolas, as fronteiras entre o Jazz, Dança Contemporânea e a Dança de Rua e até um talk show com as divas Cecília Kerche e Ana Botafogo. As apresentações e os debates lotaram as salas do Centro de Convenções Alfredo Salfer e o Teatro Juarez Machado.
"O Festival de Joinville é o único que dá essa possibilidade aos participantes. A cada ano, a programação didática é aperfeiçoada e ampliada", destaca Roberto Pereira, integrante do Conselho Artístico do Instituto Festival de Dança de Joinville.
Outro fator que impulsiona o intercâmbio cultural e técnico são as reuniões entre o Conselho Artístico, jurados e grupos concorrentes. No dia seguinte da apresentação, os bailarinos e coreógrafos têm a oportunidade de conversar com os jurados sobre as notas e ter explicações.
"Começamos a promover as reuniões em 2004 para dar mais transparência ao processo. O resultado já aparece nos palcos neste ano porque conversando e obtendo explicações sobre suas notas e conceitos, os grupos amadurecem e aperfeiçoam seus trabalhos", considera Ely Diniz da Silva Filho, diretor executivo do Instituto.
Com 4,5 mil participantes, o Festival de Joinville promove oito noites de Mostra Competitiva, três tardes para as apresentações infantis, uma Mostra de Dança Contemporânea para grupos profissionais convidados, 18 Palcos Abertos distribuídos pela cidade e a Feira da Sapatilha. Maior feira do gênero do país, e o calendário escolhido para as grifes e marcas fazerem lançamentos de produtos para a dança, a Feira é considerada o point de encontro entre os bailarinos e o público do Festival.
As atrações especiais neste ano foram o Mazowsze e a Raça Cia de Dança. Elogiada pelo público, o espetáculo de dança, canto e música folclórica lotou o Centreventos Cau Hansen. Descendentes de poloneses de Santa Catarina e do Paraná chegaram a fazer excursões para assistir ao espetáculo, que mostrou a diversidade cultural polonesa. Esta foi a primeira vez que o Festival foi aberto por uma apresentação profissional do gênero Danças Populares.
A apresentação da Raça Cia de Dança também emocionou o público do Festival, que conferiu o amadurecimento de um grupo que se profissionalizou impulsionado pelo Festival de Joinville. Na Noite de Gala, realizada em 25 de julho, a Raça apresentou as coreografias Novos Ventos e Caminho da Seda.
Apresentações inéditas
A Mostra Contemporânea, realizada entre os dias 21 a 23 de julho, trouxe para a região companhias que se apresentaram pela primeira vez no Sul, como a Icógnum Cia. de Dança, do Recife, a Tápias Cia de Dança, a Solos do Rio e Márcia Milhazes Dança Contemporânea, todos do Rio de Janeiro, além da Staccato, de São Caetano do Sul.
O Meia Ponta – Mostra Competitiva, realizado entre os dias 27 a 29 de julho, é exemplo concreto das sementes que o Festival de Joinville vêm plantando há 23 anos. "No início, a técnica das crianças era muito frágil. Hoje, elas são tão boas tecnicamente quanto os adultos e isso é fantástico", considera Roseli Rodrigues, diretora da Raça e que acompanha o Festival desde o início.
A Noite dos Campeões, que encerra o Festival no dia 30, reúne os primeiros colocados nos gêneros em disputa. Nesta noite também se apresentam os Medalhas de Ouro da edição anterior: Ariadne Okuyama B. Ferreira, da Escola de Ballet Inês Amaral, de São Bernardo do Campo (SP), e Daniel Henrique Camargo, da Escola de Dança do Teatro Guairá, de Curitiba (PR). Genya Kolesny, do Grupo Rama, de Pirassununga (SP), também premiado como destaque em 2004 não participará da Noite dos Campeões por estar atualmente no exterior.