Teresa Cristina lança CD e DVD ao vivo

A cantora Teresa Cristina parece ter consciência de que a imagem de um artista é uma constante construção. E eleva essa certeza ao máximo, procurando sempre afirmar (cantar) quem é. Em seu disco de estréia, ela abria os serviços com os versos ?Eu sou assim/ Quem quiser gostar de mim/ Eu sou assim??. Seu segundo álbum se chamava A vida me fez assim. Agora, ela lança CD e DVD ao vivo, com nome O mundo é meu lugar (Deck Disc). No novo trabalho, a artista dá o mapa de seu mundo num mosaico de sambas, seus e de outros. Conseqüentemente, segue traçando sua intenção de auto-retrato – e se apresenta mais uma vez ao público.

Rio – Teresa Cristina começa o passeio por seu mundo na tradição da Portela, sua referência maior, com Gorjear da passarada, clássica parceria de Argemiro e Casquinha. Segue o caminho azul-e-branco passando por Candeia (nos extras do DVD, ela revela sua relação com a obra do sambista, que vem da infância, e seu reconhecimento como negra a partir de seus discos) e Paulinho da Viola.

 Lembra com ar vitorioso a antiga acusação de que o ?samba é música sem nenhum valor?. Entrelaça suas composições à obra de seus mestres – por exemplo, o mar de sua Acalanto com o de O mar serenou, clássico do repertório de Clara Nunes. Guria carioca, conta histórias de dois outros guris cariocas (O meu guri, de Chico Buarque, e Com a perna no mundo, de Gonzaguinha). E fecha em sambas-de-roda da Bahia, um retorno às míticas ?raízes? do samba que ela e sua geração de músicos da Lapa reverencia. Um roteiro que dá impressão de calculada engenharia e de certa forma é, mas feita com uma tabuada que a cantora conhece de cor.

?Minha formação é de cantora da noite. E na noite o músico tem o roteiro da hora, ou seja, não tem roteiro. Uma coisa puxa a outra. Usei essa experiência para montar o repertório do show? explicou. ?Sempre quis começar um disco com Gorjear da passarada, com a percussão progressiva. E aquela série de sambas-de-roda têm a cara de fim de noite, com todo mundo dançando?.

A seu lado, Teresa Cristina teve o inseparável Grupo Semente, com direção musical de Paulão 7 Cordas e o reforço do coro de Alfredo Del-Penho e Cristina Buarque. Nos extras do DVD, Paulão disse que procurou simplesmente ?não atrapalhar?? a sonoridade do Semente. Fez muito mais que isso, é claro. Não só no desenho dos refinados arranjos do regional – modernos e reverentes ao mesmo tempo. Paulão deu volume e novas cadências à percussão com a adição de Esguleba e Paulinho do Pandeiro. E o Semente ganhou outras cores com o clarinete e o clarone de Rui Alvim – linda participação em Pra cobrir a solidão, parceria inédita da cantora (letra) com Zé Renato (melodia). 

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