Embrenhado na sua pesquisa sobre os pontos de contato entre a arte contemporânea e as manifestações culturais primitivas – que se materializou no espetáculo O Impulso do Silêncio, apresentado no ano passado -, Claudinho Brasil pretende transformar o Teatro Paiol num templo, que servirá de cenário para uma tentativa de resgate do “sagrado” na arte. É O Retorno do Sagrado, atração de hoje às 20h, dentro da programação do projeto Terça Brasileira no Paiol.
Claudinho (voz, percussão e direção artística), vem acompanhado dos Arquétipos – Leonardo Gorosito (percussão e piano), Valderval de Oliveira Filho (percussão), Carla Zago (violino) e Ronny Bueno (trompete).
Inspirado na cultura dos índios guarani e fulni-ôs e nas manifestações das culturas popular brasileira (maracatu, cavalo marinho, caboclinho) e oriental (zen-budismo, yoga), O Retorno do Sagrado reúne música, dança, artes cênicas e plásticas para demonstrar como se reflete na arte a gradual reconciliação da ciência com a espiritualidade. “Isso faz com que o homem se reaproxime da natureza, e comece a entender que tudo é uma coisa só”, resume o artista. Segundo ele, essa indistinção se propaga para a arte, tornando impossível a separação entre as diferentes manifestações artísticas.
Assim, o grupo complementa a montagem com artistas de outras áreas, como Marcia Maggi (atriz responsável pelos elementos cênicos), Henrique Serra e Aline Giuliani (artistas plásticos que respondem pela cenografia), Luciano Fagundes (bailarino encarregado da expressão corporal). Claudinho, por sua vez, abre mão da sua condição de músico, para encarnar o “artista”: sim, ele canta e toca, mas também dança, interpreta e declama textos. “Este espetáculo tem muito mais texto que o anterior, o que teoricamente me aproximaria da condição de ator. Mas não é bem isso, eu não estou representando, expresso apenas o que eu acredito, e dessa forma sinto-me muito à vontade”.
Musical
Mesmo renegando a música a um segundo plano, O Retorno do Sagrado ainda tem um enfoque musical. Mas não espere ver um show “quadradinho”, alternando-se entre músicas e pausas para aplausos. “Temos um fio condutor, mas a linguagem é toda fragmentada, não linear, sem qualquer ordem formal ou cronológica. Inspiro-me nos devaneios de David Lynch, como em Cidade dos Sonhos, que se tornam maiores que a realidade. Assim, as reações da platéia são as mais diversas”, adianta.
A experiência com os Arquétipos tem levado Claudinho Brasil a ministrar palestras para os cursos de dança, música, musicoterapia e produção sonora, na Faculdade de Artes do Paraná, Escola de Música e Belas Artes do Paraná e também na Universidade Federal do Paraná.
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Hoje, às 20h, no Teatro Paiol. Ingressos a R$ 5 e R$ 2,50.
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