O mercado de moda no Brasil existe há quase 50 anos. Mesmo assim, ainda está engatinhando. Nos últimos cinco, talvez dez, aconteceu um salto fenomenal na moda nacional. Muitas empresas procuraram novos caminhos, profissionalizando-se por meio de políticas de marketing voltadas para a qualidade dos produtos e publicidade agressiva. Além disso, outros eventos também ajudaram a incrementar o fashion life made in Brasil. Houve um boom de modelos (mulheres e homens), empresas promoveram diversas feiras em vários estados; aumentou o intercâmbio de negociantes, estilistas com outros centros mais avançados, industriais melhoraram seus equipamentos e a mídia resolveu entrar de vez no negócio.
O detalhe que a maioria está esquecendo é que existem alguns confeccionistas, uma união de produtor, estilista, costureiro, industrial, empresário, especialista em marketing mais um tremendo bom gosto, que vivem nesse mercado há algumas décadas produzindo moda de qualidade. Melhor ainda, eles criam e oferecem a tendência da moda depois de muita pesquisa e trabalho, para quem quiser se vestir bem. Ou quem quiser aprender. Este é o caso de Renato Kherlakian, proprietário da Zoomp, uma das pioneiras da moda de qualidade nacional.
Paulistano nascido em 1950, de familia armênia radicada no Brasil, cresceu e familiarizou-se com as artes do comércio, entre peças de casemira na loja de tecidos de seu pai e na fábrica de calçados da família. Renato cursou Direito, mas desde o começo dos anos 70, praticando em seu próprio guarda-roupas, sentiu-se fortemente atraído pela criação no âmbito da moda, num momento em que a Rua Augusta reunia as melhores boutiques e o comércio mais informado de São Paulo. Recebeu de lojistas da Galeria Ouro Fino suas primeiras encomendas de peças especiais, de modo que, ao fundar a Zoomp em 1974, o vanguardismo e a diferenciação vieram no bojo do lançamento da marca, hoje lider em seu segmento no Brasil.
Ele tem dedicado sua vida profissional a desenvolver as características inatas de intuição e ousadia o que, somado à experiência adquirida em quase 30 anos na criação, produção e distribuição de roupas e acessórios de moda, resultam no perfil de um empresário bem sucedido, de aguçada visão e lançador de tendências, que parte para o mercado internacional.
Em entrevista exclusiva ao O Estado, Renato contou o que pensa do atual mercado e os novos caminhos para a moda. Sobre a estratégia da marca Zoomp para o futuro, Renato disse que a marca volta às suas raízes, o indigo. “Estamos em nossa origem, o jeans. O corte de jeans feminino para a mulher moderna que pode usá-lo todas as horas do dia e todos os dias do ano”, diz.
A marca dele também está montando lojas com uma nova concepção (abre em Curitiba no dia 18), a Zoomp Blue. “O mercado de moda sofreu significativas alterações ao longo da última década e o comportamento do consumidor, seus desejos e necessidades também sofreram profundas mudanças. Nosso varejo também procura se adaptar”, conta Renato sobre as novas lojas.
As novas lojas pretendem reforçar a vocação maior da empresa, que é a “alma jeanszeira” e demonstrar este produto num local em que o consumidor tenha qualidade na informação, e que esta seja aplicada à programação visual, privilegiando a didática e orientando o consumidor para que a melhor relação produto / qualidade / edição / valor / aplicação e uso seja alcançada. “A dinâmica que este desenho de loja vai proporcionar objetiva instigar o consumidor a um contato mais intimo com as peças, estimulando e o encorajando ao toque”, completa Renato.
O brasileiro ainda está descobrindo o mercado de moda. Mulheres e homens com poder aquisitivo muitas vezes insistem em procurar produtos no exterior. “Nosso jeans é de primeira qualidade. Você compra uma calça importada da marca Diesel por 900 reais. A Zoomp fornece por muito menos que isso um produto de altissima qualidade”, conta Renato.
A Zoomp é uma das empresas que mais cresce no exterior entre todas as brasileiras – o que traz recursos, os benditos dólares da exportação. “Estamos em 47 cidades em 19 países. Abrimos recentemente uma Blue em Djacarta, na Indonésia. Outras lojas serão abertas na Ásia, um mercado que cresce todos os dias”, conclui Renato.
