Não é a única. Por motivos óbvios, o Globo Rural apresenta há anos reportagens ampliadas sobre o tempo, enquanto algumas séries e reportagens específicas buscam maior interação entre o que acontece nos céus e seu impacto na terra.
Nos Estados Unidos, a meteorologia sempre recebeu maior atenção, pelo clima mais variado e agressivo daquelas latitudes. E foi de lá que se importou o modelo do apresentador em frente a um mapa apinhado de símbolos indicativos de tempo bom, chuva e tempestades. O que se faz até hoje repete a idéia original da rede norte-americana NBC, de 1941. A diferença são animações computadorizadas e outros efeitos cosméticos, como a imagem tridimensional da Terra que a Globo implantou.
Nos últimos anos, a meteorologia passou a ganhar importância inédita com o aquecimento global. O recente Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, da Organização das Nações Unidas, adverte que mais de um bilhão de pessoas sofrerão com a falta de água em poucas décadas e, como sempre, os mais afetados serão os mais pobres. Essa alteração radical no meio ambiente também pode causar alterações no ecossistema das redações. Por diversas razões, o jornalismo tem uma forma compartimentada de organizar os fatos. Há uma tendência em criar seções específicas do noticiário, com assuntos nacionais e internacionais e reportagens sobre economia, política, comportamento e cultura e entretenimento. Ante a possibilidade do aumento do nível dos oceanos, derretimento dos pólos e das geleiras e aquecimento do planeta, qualquer abordagem que não consiga relacionar assuntos de tamanho impacto, torna-se inevitavelmente acanhada. Falar em meteorologia hoje envolve agricultura, tráfego aéreo, indústria têxtil, trânsito urbano e rodoviário, turismo, saúde pública, comércio, habitação, abastecimento de água e de energia elétrica e prevenção de desastres naturais. Não deixaria de ser irônico assistir à garota do tempo de hoje, um apêndice do jornalismo, tornar-se a âncora do futuro. Trajetória, aliás, da própria Mariana Ferrão.