Para que o teatro aconteça, não é preciso cenário, figurino, texto ou palco. De acordo com a definição do termo, de etimologia grega, apenas duas coisas seriam imprescindíveis: um ator, que apresente uma ação, e uma plateia, disposta a assisti-lo. Mas talvez o conceito dessa arte milenar mereça ser revisto à luz das novas tecnologias.

continua após a publicidade

Em Frequência Ausente 19Hz e Máquina de Ser Outro, dois espetáculos apresentados na edição 2018 do Festival de Curitiba – que chegou ao final neste domingo (8) -, não há nem intérpretes nem plateia que compartilhe coletivamente uma experiência. Ambas as peças pressupõem que um espectador solitário seja levado a vivenciar situações de realidade virtual criadas por diferentes máquinas.

continua após a publicidade

Resultado de uma extensa pesquisa da paulistana ExCompanhia de Teatro, Frequência Ausente 19Hz propõe um encontro individual entre o público e a capital paranaense. Após receber breves instruções técnicas e ter o celular carreado com 16 arquivos, cada participante sai desacompanhado, munido apenas de fones de ouvidos, para um tour pela cidade.

continua após a publicidade

O mote do espetáculo foi o romance de Jean-Paul Sartre, A Náusea. A trama, porém, surge combinada com histórias pouco conhecidas de prédios históricos, monumentos e praças curitibanas. “Olho para a tecnologia como uma forma de proporcionar novos encontros”, diz Gustavo Vaz, autor da peça e responsável pela sua interpretação.

Na peça, ele usou a tecnologia do áudio 3D para reproduzir espacialmente sons que foram gravados em uma situação prévia.

“Com essa experiência, queremos propor uma reconexão entre as pessoas e o espaço urbano, para que ele encontre nessa descoberta da história invisível da cidade um pouco de sua própria identidade.”

Em A Máquina de Ser Outro, o grupo espanhol BeAnother Lab criou uma instalação interativa em que se oferece a possibilidade de ocupar um outro corpo. Com o uso de câmeras, um microfone e óculos especiais, o espectador passa a ver o corpo de uma outra pessoa quando se olha. Além de ter a estranha experiência de apertar a mão de um estranho que é igual a ele próprio.

Segundo os criadores, que já levaram a instalação a cidades como Berlim e Bogotá, a proposta do experimento é expandir a percepção da identidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.