Teatro só para baixinhos

Os palcos curitibanos recebem uma enxurrada de espetáculos infantis às vésperas da Semana da Criança. O destaque vai para o retorno de O Menino Rei, vencedor de quatro troféus Gralha Azul em 2001, que a Regina Vogue Produções traz ao Teatro Paulo Autran depois de uma temporada de sucesso em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

A peça, que estreou no Festival de Teatro de Curitiba do ano passado, convida a um mergulho no universo de um menino de 5 anos, Davi (Maureen Miranda), suas peripécias e fantasmas. Ele é o caçula de uma família composta de pai, mãe e outros dois irmãos, e enfrenta as primeiras inseguranças da infância, os medos, a curiosidade, as primeiras responsabilidades, o namorico pré-escolar.

Davi enfrenta os obstáculos (os seus “Golias”) com a ajuda dos valores aprendidos dos pais e irmãos, que lhe oferecem outras armas super poderosas: amor, respeito, pureza, harmonia e coragem. Com esses poderes o garoto está pronto para se tornar rei do seu pequeno mundo. Para contar essa historinha singela, o diretor Maurício Vogue recorre a personagens fantásticos como um almofadão falante, bonecos japoneses e cenários e figurinos que remetem às técnicas do mangá japonês.

No Guairinha, a criançada pode se iniciar na História da Arte com o espetáculo Uma Estrela me Contou…, com texto de Paula Giannini e direção de Amauri Ernani. A montagem faz uma retrospectiva das artes desde a mitologia egípcia, o surgimento do teatro, das Olimpíadas e da filosofia na Grécia, e ainda o Renascimento, o expressionismo de Van Gogh, o modernismo e a música de Villa-Lobos no Brasil, culminando em Charles Chaplin e o advento do cinema.

O Teatro de Bonecos Dr. Botica também preparou uma programação especial para a Semana da Criança, com cinco espetáculos se revezando no palco do Shopping Estação: Menino, Vou Te Contar!, Chapeuzinho Vermelho, Montando Lobato, Supresa e Boti no Planeta Água.

O primeiro faz uma viagem musical pelo folclore paranaense, com destaque para o fandango, o boi-mamão e as cantigas populares de Nhô Belarmino e Nhá Gabriela. O clássico Chapeuzinho Vermelho volta com a Rasgateatro Cia. de Atores, que faz uma breve menção aos escritores dos contos de fadas. Dirigido por Élcio Di Trento, Montando Lobato retrata a infância do criador do Sítio do Pica-pau Amarelo. Surpresa são pequenas histórias que surgem de caixas mágicas, que conduzem a platéia por paisagens fantásticas, como o interior de um castelo mal-assombrado, a bailarina da caixinha de música e outra vez o Chapeuzinho Vermelho. Boti no Planeta Água usa bonecos de luva e vara, técnicas de cortina de luz e recursos de animação para falar de personagens da água, da terra e do ar. São mais de 20 bonecos em cena.

…E para gente grande

Para os adultos, o final de semana nos palcos curitibanos traz uma reestréia e duas comédias: sucesso no último Festival de Teatro de Curitiba, A&Se volta ao palco da Casa Vermelha; No Teatro Antonio Carlos Kraide, o destaque é a sátira Casa de Shows El Big, com o grupo curitibano Humor Propium; e o Teatro Cultura traz A Vida É!, com a Cia. Entre Aspas de Teatro Amador.

Em A&Se, o grupo curitibano Xácti faz uma leitura contemporânea das relações sociais, utilizando a descontrução e a simultaneidade das cenas, projeções e uma trilha sonora executada ao vivo por uma banda. A linguagem é construída a partir das teorias de Berthold Brecht, com seu teatro do distanciamento, que leva o público à identificação e à interpretação crítica das situações expostas. O grupo também recorre a teorias comportamentais de Kem Wilber Capra e Vygotsky, entre outros.

O espetáculo revive cenas do cotidiano urbano, como o comportamento das pessoas diante da raiva, dúvida, desespero, insegurança, paixão, dor, numa festa, na perda de uma chave ou em um bilhetinho no guardanapo do bolinho de chuva, e compara essas situações com as relações humanas.

“A educação convencional nos deu personalidades doentes. Nos ensina a entender e não a compreender. A imitação e não a livre iniciativa. A identificar-se e não aprendermos o sentido do assombro. Esta educação não permite que arranquemos as grades que nos separam”, define a diretora e atriz Adriana Teles. No elenco, além dela, estão Eduardo Reded, Luciano Oro e Mevelyn Gonçalves.

Já a Casa de Shows El Big é uma irreverente casa de espetáculos comandada por uma apresentadora “quase famosa”, que guia a platéia por quatro esquetes que caricaturam filmes clássicos, novelas mexicanas, história e literatura mundiais. Os dois dias são totalmente diferentes, e o público tem a oportunidade de conhecer a continuação do primeiro dia no dia seguinte.

A Vida É!, que tem única sessão amanhã à noite, é um espetáculo de criação coletiva em que um grupo de atores atrapalhados busca o significado da felicidade, com sonoplastia ao vivo.

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