Neste mês de outubro serão apresentados mais dois textos no projeto ?Novas Leituras/1º Ciclo de Dramaturgia?. O primeiro será nesta terça-feira, A Garota no Sofá, de Jon Fosse, e no dia 25 ?O Crime do Século XXI?, de Edward Bond. As duas apresentações terão início às 20h, no Teatro José Maria Santos. A entrada é franca.
O texto, A Garota no Sofá conta a história de uma Mulher que observa o percurso de sua vida através de lembranças e reflexões sobre a sua condição no presente. Na dramaturgia proposta por Jon Fosse, o passado e o presente se relacionam.
Em um ambiente familiar construído por conversas inacabadas e situações não esclarecidas, a Mulher, no presente, se reconhece através da Garota no Sofá (a menina que ela foi).
O tema do segundo texto, O Crime do Século XXI é a angústia do homem em busca da sua própria identidade. O passado não existe e a geografia foi modificada.
Surgem personagens como uma mulher vivendo num vasto deserto de borracha branca, onde um pequeno grupo de pessoas vai até ela procurando um esconderijo, mas acaba envolto em grandes incertezas.
Sobre os autores:
O autor, Edward Bond nasceu em 18 de julho de 1934, numa família de operários em Londres, suas memórias de infância sobre a II Guerra Mundial dão o tom que bombardeia seu trabalho.
Em 1958 se juntou ao The Royal Court , que nesta época promovia trabalhos desafiantes e obras subversivas. Quando sua peça Saved estreou em 1965, foi um escândalo, pois contava a estória de jovens pressionados por um sistema econômico brutal, que se transformam em monstros.
Esta peça abriu caminho para a supressão da censura no teatro inglês. Suas outras peças são: Early Morning, Lear, The Sea, Bingo: Scenes of money and death, The Fool: Scenes of bread and love, The Bundle: New Narrow Road to the Deep North, The Woman, Restoration, The War Plays, Jackets, In the Company of Men, Coffee, Eleven Vests, and Crime of the Twenty-First Century.
Já Jon Fosse ( nascido em 1959) pertence a geração de escritores da década de 80 que introduziu o Pós-modernismo na Noruega, o qual se opunha à tradição sócio-realista que predominava na Noruega na década de 70. Em Fosse essa nova orientação não se manifestou ? como em outros escritores de sua geração- em uma técnica que inclui referências de intertextualidade ou passagens meta-reflexivas.
Suas obras possuem um vocabulário enxuto e marcados por uma forma de austeridade religiosa. Fosse é de Strandbarn, no oeste norueguês, que está presente em quase todos seus escritos.
Em suas peças o autor focaliza os embates entre personagens e enfatiza o fato de que estes possam ser tão poderosos a ponto de mudá-las. A incerteza sobre o quanto cada um é compreendido e o quanto compreende os outros atormenta as personagens de tal modo que as incita a achar novas maneiras de compreensão.