Teatro da Praça estréia hoje em Araucária

O Teatro da Praça abre hoje suas cortinas para receber a Mostra Metropolitana de Teatro, evento associado à 14ª. edição do Festival de Teatro de Curitiba (FTC). A Mostra estréia com a peça infantil O caixeiro viajante ou o vendedor de ilusões, com a Cia. Ogawa Butoh Center, de São Simão – SP. Até 27 de março, Araucária irá receber dez espetáculos teatrais vindos de diversos estados e até de outros países da América Latina, como México e Uruguai.

O Teatro da Praça cede o palco para os espetáculos internos e a Praça do Seminário sedia as apresentações ao ar livre.

A secretária municipal de Cultura e Turismo, Uriema Rita Ehlke Gomes, conta que o FTC foi criado logo após a inauguração do Teatro da Praça, no início da década de 90. ?O longo percurso cultural traçado com seriedade deu a ambos credibilidade e notoriedade, por isso a parceria entre o FTC e a Prefeitura é uma conseqüência inevitável. Agora estamos sendo presenteados com espetáculos modernos e de ótimo nível, vindos de várias cidades do País e até internacionais?, comemora a secretária.

Este é o terceiro ano que o município recebe a Mostra Metropolitana do FTC.

Serviço

Estréia da Mostra Metropolitana de Teatro com a peça infantil O caixeiro viajante ou o vendedor de ilusões.

Hoje às 10h no Teatro da Praça.

Ingresso: 1 kg de alimento não perecível.

Do real ao onírico, Borges faz última viagem

Gisele Rech

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Ignácio de Loyola Brandão assina o texto da A última viagem de Borges.

Anteontem, quando a cortina do Guairinha se abriu para o espetáculo A última viagem de Borges, um espectador muito especial estava na platéia: ninguém menos que o autor do argumento da peça, o jornalista, contista e romancista Ignácio de Loyola Brandão.

Em sua primeira incursão no teatro, ele não havia assistido a sequer um ensaio do espetáculo, fazendo da surpresa para si próprio um encantamento.

?Nem posso dizer que vocês vão gostar, pois eu também nem sei se eu vou gostar?, brincou o autor, na coletiva realizada anteontem.

Entretanto, se depender do processo de criação de A última viagem de Borges, a satisfação do público é garantida. A começar pelo tema, em si. O argentino Jorge Luís Borges é um escritor cego, que talvez pela deficiência visual tenha uma percepção diferenciada do mundo. Foi justamente pensando neste imaginário que o diretor Sérgio Ferrara e a artista plástica Maria Bonomi se inspiraram para conceber o tema do espetáculo. Mas ainda faltava o básico: quem conseguisse transportar para um texto fragmentos dos pensamentos de Borges. A idéia era fugir da biografia ou da adaptação de alguma obra do escritor. O nome de Ignácio Loyola de Brandão veio à tona e, após um jantar regado a vinho, ele topou a nova experiência. ?Nunca tinha feito teatro e ainda não sei se fiz. Na verdade, fiz um texto a la Fellini, inspirado no filme Oito e meio, o meu favorito.? Entenda-se por isso um texto com vários planos, com um jogo forte entre o real e o onírico. O texto original, rabiscado a mão em um catálogo de moda, tinha 200 páginas. Mas com o trabalho de criação coletiva de todos os envolvidos com o espetáculo, ficou com 47 páginas. ?Foi um autêntico striptease literário?, brinca Ferrara.

História

O enredo de A última viagem de Borges é simples, mas ao mesmo tempo profundo. Como escritor, Borges se vê desesperado quando perde uma palavra que é o resumo de tudo o que existe no universo – é uma palavra subjetiva, que pode ser qualquer uma que cada espectador imaginar. Bloqueado, ele sai em busca da biblioteca de Babel, viajando com Sherazade, Richard Burton e Funes, o memorioso, que guarda todas as memórias do mundo. ?Peguei muito de As mil e uma noites, uma obra que marcou a infância de Borges?, diz Loyola.

A busca de Borges é algo poético, muito mais consistente no mundo imaginário do que real. E essa é a intenção: através da viagem de Borges, provocar o espectador a um processo de autoconhecimento. ?O espetáculo é um produto transformador. Ninguém sai como entrou?, garante Maria Bonomi, que assina a bela cenografia. Apesar da cegueira de Borges, ele dá ao público o dom de outro tipo de visão: o da alma humana.

Serviço:

A última viagem de Borges

Quando: hoje e amanhã

Horário: 20h30

Onde: Guairinha

Quanto: R$ 24,00 (meia entrada para estudantes e idosos)

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