Pode até ser injusto com o júri da Fipresci, a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, mas tendo de escolher entre diversos bons filmes ou bancar os dois ou três realmente grandes/raros dessa 65.ª Berlinale, eles preferiram ficar com os primeiros. Táxi, do iraniano Jafar Panahi, venceu o prêmio da crítica. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 13. É defensável, mas decepcionante.

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Panahi continua sob vigilância no Irã, mas de alguma forma conseguiu sair das quatro paredes para filmar na rua, e acumulando as funções de diretor e ator. O filme dá seu testemunho sobre a sociedade iraniana, discute o próprio cinema e não deixa de propor algo novo dentro de sua estética. É um filme nas bordas, mistura de documentário e ficção. Tem humor, o que não é frequente na produção do país, e muito menos em relação às rígidas regras que regem a vida cotidiana da república dos aiatolás.

Bom, mas não grande. Nas demais seções, as escolhas também destacaram obras de inegável valor, mas no Fórum e no Panorama havia obras mais ousadas do que as que foram escolhidas.

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No Fórum, o júri selecionou Il Gesto delli Mani/Hand Gestures, do italiano Francesco Clerici, que acompanha, numa fundição, o processo criativo do artista Velasco Vitali. Manuseando máquinas, e ol bronze, ele modela a figura de um cachorro. São técnicas muito antigas, que datam de centenas de anos e que Vitali e o filme tentam preservar.

No Panorama, venceu A Minor Leap Down, do também iraniano Hamed Rajabi, e foi a melhor das três escolhas dos críticos. O retrato de uma grávida que descobre, num exame de rotina, que seu bebê está morto, e que se recolhe num mundo de silêncio que vira a extrema expressão de sua revolta contra um mundo que atribui uma função à mulher, a maternidade. Sem ela, a protagonista fica diminuída.

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