Tarantino deixa sua marca no Festival de Veneza

Poucas vezes na história dos grandes festivais um presidente de júri ditou a premiação de maneira tão pessoal como Quentin Tarantino nesta 67ª edição do Festival de Veneza. Para começar, deu o Leão de Ouro à sua ex-namorada, Sofia Coppola, que venceu com “Somewhere”. Depois, arrumou um Leão de Ouro pelo conjunto da obra para seu ex-mentor Monte Hellman, que levou ao Lido seu “Road to Nowhere” como concorrente. Não satisfeito, Tarantino reescreveu o regulamento do festival, que proibia prêmios acumulados, para dar dois troféus ao espanhol “Balada Triste de Trompeta” (direção e roteiro) e mais dois a Essential Killing (ator, para Vincent Gallo, e Prêmio Especial do Júri, para Jerzy Skolimowski).

Por tudo isso, as palavras que mais se repetiam em Veneza eram “conflito de interesses” e “júri para ser esquecido”. Tarantino também não se destacou pela elegância em sua passagem pelo Lido. Ao entrar na sala da coletiva de imprensa, e ser vaiado, pegou o microfone e xingou os jornalistas. Depois controlou-se e pôde responder com mais calma às perguntas. Disse, por exemplo, que o filme de Sofia Coppola havia emocionado a todo o júri, e não apenas a ele, e que crescera à medida em que outros concorrentes foram sendo apresentados. No entanto, a própria Sofia, ao receber seu Leão de Ouro, se disse surpresa.

“Somewhere” traz a história do ator Johnny Marco (Stephen Dorff), que está com o braço quebrado e vive no Hotel Chateau Marmont, em Los Angeles. Leva vida promíscua e dissipada até que a filha adolescente, Cloe (Elle Fanning), vem visitá-lo e termina por passar uma temporada com ele. Em aparência, o convívio com a garota o leva a tomar consciência do vazio da sua vida. Nada é exposto de maneira didática. Tudo é um pouco lacunar, rarefeito, no estilo do melhor dos filmes de Sofia, “Encontros e Desencontros” (Lost in Translation). Esse parece ser seu estilo e, nele, Sofia que é moça tímida e avessa a entrevistas, se expressa melhor.

Também parecem exageradas as premiações para “Balada Triste de Trompeta”, de Álex de la Iglesia, e a “Essential Killing”, de Jerzy Skolimowski. Ambos têm méritos, mas não mais do que outros que foram ignorados pelo júri. O prêmio de melhor atriz foi para Ariane Labed pelo filme grego “Attenberg”, de Athina Tsangari. E o de melhor atriz revelação para Mila Kunis em “Black Swan”, de Darren Aronofsky.

Dos favoritos absolutos da crítica, apenas o russo “Osyanki” levou uma estatueta, a de fotografia. “Post Mortem”, do chileno Pablo Larraín, foi ignorado, assim como o chinês “La Fossé”. Da mesma forma, saíram de mãos abanando os quatro títulos italianos em concurso – “Noi Credevamo”, “La Solitudine dei Numeri Primi”, “La Passione” e “La Pecora Nera”. A Itália não vence em casa desde 1998, quando Gianni Amelio levou o Leão de Ouro por “Così Ridevano”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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