Uma organização beneficente do estado americano da Flórida suspendeu há alguns dias uma apresentação da atriz Susan Sarandon, devido a sua oposição tenaz à guerra contra o Iraque.
United Way, a maior organização de assistência pública financiada por capital privado nos Estados Unidos, disse que recebeu “dezenas” de chamadas telefônicas de pessoas que se queixaram da postura antibélica de Sarandon.
A atriz, de 56 anos, havia se comprometido a participar da atividade a pedido de seu irmão, Terry Tomalin, colunista do jornal “Saint Petersburg Times”.
O programa do encontro dizia que Susan Sarandon falaria sobre a liderança da mulher e seu compromisso nos movimentos de voluntariado civil nos Estados Unidos.
O episódio reflete o ressurgimento da perseguição imposta por conservadores a artistas que vão contra a corrente. Esse movimento surgiu após o fim da Segunda Guerra quando, com o senador Joseph McCarthy à frente, teve início uma impiedosa caça às bruxas, que obrigou muitos profissionais a abandonar suas funções, buscando exílio ou mudando de profissão.
O “inimigo” à época era o comunismo (hoje é o pacifismo) e a delação marcou a carreira de vários cineastas, como Elia Kazan que, apesar do indiscutível talento, foi friamente recebido por alguns colegas ao receber o Oscar especial pela carreira, em 1999. Atores como Nick Nolte, por exemplo, negaram-se a aplaudi-lo de pé.
A pressão da extrema direita e da famigerada Comissão de Atividades Antiamericanas provocou algumas tragédias. O ator John Garfield morreu de enfarte na véspera de dar um depoimento e os atores Frances Young e Philip Loeb suicidaram-se. No total, 214 nomes entraram na lista negra do cinema e foram seriamente prejudicados.