Apenas 15 exemplares. Foi esse o início de um dos mais recentes fenômenos da literatura mundial, A cabana, que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares no mundo todo, e que nasceu com a publicação de 15 cópias feitas para pessoas próximas do autor canadense William P. Young.

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Passados cerca de dois anos, Young percorre o mundo para divulgar sua obra. Hoje, o autor chega a Curitiba para um bate-papo com leitores na Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigüi, às 19h30.

O livro aborda a relação conflituosa da humanidade com Deus, por meio da história do personagem Mack. Durante uma viagem, a filha de Mack é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada.

Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.

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Apesar de desconfiado, ele vai ao local, onde Deus, Jesus e o Espírito Santo estão a sua espera e travam com Mack conversas sobre vida, morte, dor, perdão, amor e redenção, fazendo-o compreender alguns dos episódios mais tristes de sua história.

Por telefone, Young concedeu uma entrevista para a reportagem de O Estado:

Logo no início do livro, Mack, o personagem principal, é descrito como alguém que pode causar desconforto, por dizer coisas que as pessoas não estão acostumadas a ouvir. Você acha que essa é uma das características da sociedade atual?


William Young –
As pessoas têm necessidade de se sentir seguras sobre as idéias que falam e que ouvem. Nós nos sentimos muito presos nessa relação e é como se sempre nos sentíssemos culpados por tudo. O livro questiona a bondade de Deus, que aparece nas horas em que estamos em conflito com nós mesmos.

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Tem muito de sua vida pessoal relacionada com a história de Mack?

WY – Com certeza. O relacionamento conflituoso com nossos pais é bem parecida. É como se a história fosse uma parábola e as coisas representadas no livro fossem sentimentos que fazem parte de todos, não só daquele personagem.

Como surgiu a idéia para escrever A cabana?

WY – Sempre gostei de escrever poesias, cartas e mensagens, a maioria para os meus seis filhos, que hoje têm entre 15 e 28 anos. Um dia, minha esposa me perguntou porque eu não reunia tudo o que escrevia em uma coisa só. Foi quando comecei a colocar conversas com Deus em um caderno. A idéia era deixar mensagens para os meus filhos, de como eu queria que eles enxergassem temas universais.

E quando o projeto mudou de rumo?

WY – Quando passei para o computador o que escrevi no caderno. Minha família e alguns amigos me ajudaram a publicar 15 exemplares da história, que começaram a circular cada vez mais. Eu e dois amigos resolvemos então criar uma editora. Um deles tinha algumas economias, o outro tinha cartões de crédito e eu tinha os dois amigos. Encomendamos 10 mil cópias e criamos um site (www.windblownmedia.com). Toda a divulgação inicial foi feita com US$ 300, único dinheiro disponível para o projeto. A partir daí, o projeto cresceu. Mas ainda passei por 26 editoras antes de alguém aceitar publicar o livro.

Seu personagem Mack não se sente seguro sobre sua capacidade de escrever. Em algum momento você duvidou da história que estava escrevendo?

WY – Quando fiz as 15 cópias, não me preocupei muito porque não tinha idéia que o mundo inteiro teria acesso ao que escrevi. Tinha colocado na capa o nome do Mackenzie (Mack) como autor, mas começaram a aparecer pessoas na minha cidade querendo conhecê-lo, então resolvi tirar a autoria do Mack. Quando assinei como Mack não foi insegurança, mas de tirar, de certo modo, o personagem principal d,a minha história pessoal.

Depois desse sucesso, os leitores podem esperar novos projetos?

WY – Minha mulher quer que eu escreva uma autobiografia, que deve ser lançada em 2009. Também estou trabalhando em uma nova ficção, que abordará novamente a relação com Deus.

Serviço

Divulgação de A cabana (Sextante, 240 págs., R$ 19,90), com o autor William P. Young. Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigüi. Hoje, às 19h30. Entrada franca.