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Sturm: ‘Só existe um monte de fofocas’

Um envelope pardo fechado foi deixado no gabinete da Secretaria de Cultura de São Paulo na última sexta-feira com recado para ser lido apenas pelo destinatário. “Documento sigiloso. Favor entregar em mãos. Aos cuidados do senhor secretário municipal de Cultura, André Sturm.” Dentro, sete denúncias contra duas servidoras municipais, a secretária adjunta Marília Alves Barbour e a chefe de gabinete da pasta, Juliana Velho. O primeiro tópico afirma que Marília, além de destratar funcionários com expressões de preconceito, usa um contrato público, que trata de transporte de cargas, “para transportar seu filho (a) para compromissos pessoais”. Há outras acusações de maus-tratos verbais a funcionários. Sobre Juliana, o tópico 4 diz que ela “corrompe o sistema visando ao enriquecimento ilícito através de contratos de suporte da pasta”. Entre outros pontos, fala também de “falta de qualificação profissional para o cargo”. Ao final, uma observação a Sturm: “Recebemos um áudio comprovando o assédio sexual cometido por Vossa Excelência junto à servidora Lara Pinheiro e um outro áudio comprovando o mesmo referente à bailarina Fernanda”. No fim, uma frase é grafada com letras maiores: “Não gostaríamos de expor tal fato”.

Na tarde desta terça, 16, o áudio com as vozes de Sturm e de Lara Pinheiro começou a ser compartilhado pelas redes sociais. Lara entrou na sala do secretário com um gravador escondido. Segundo Sturm, a conversa foi pedida por ele depois que a assessora foi ríspida em uma troca de mensagens com conteúdo profissional. “Ela gravou a conversa certamente por pensar que eu a demitiria. Mas não era a minha intenção.”

Assim que a porta é fechada, Lara Pinheiro começa uma discussão tensa com o secretário. Eles falam de uma viagem que fizeram ao Canadá, na primeira semana de novembro de 2017. Ele diz: “…você quer ficar fingindo para o seu namorado e para você mesma…”. Ela o interrompe: “Fingindo o quê? Você está me atacando, mentindo”. Ele prossegue: “Se quer ficar fingindo para o seu namorado que fez uma viagem a trabalho…”. Ela: “Não foi a trabalho?”. Ele: “Não, não foi”. Ela segue: “Não foi a trabalho? Então você mentiu para mim, porque o …”. Os dois estão exaltados. Sturm diz: “Eu tenho suas mensagens escritas aqui, eu vou mandar para o seu namorado”. E ela responde: “Eu também tenho as suas. Ele sabe tudo, já mostrei tudo a ele…”.

Lara, que se manifesta apenas por meio de seu advogado, Augusto de Arruda Botelho, não fez nenhuma acusação contra Sturm. “Primeiro, a minha cliente não é autora de nenhuma denúncia contra o secretário, nem na Prefeitura, nem na Ouvidoria da Prefeitura, nem no Ministério Público, nada. Ela não é autora de nenhuma denúncia. Segundo ponto, ela não tem conhecimento de como esse áudio se tornou público. Por ora, são as únicas duas informações que eu darei até ter mais informações, até estar pessoalmente com ela. Mas, por enquanto, é só isso que eu posso falar”, afirmou Botelho no final da manhã de terça, 16.

Sturm nega as acusações. “A manchete que diz ‘secretário de Cultura é acusado de assédio sexual’ não existe. Ela não está me acusando de nada, está é sendo usada.” O próprio secretário conta, então, como foi a viagem que os dois fizeram ao Canadá, o pivô da discussão gravada por Lara. Sturm, diz, estava de licença, mas aproveitou para aceitar um convite do Consulado do Canadá e levou consigo a assessora Lara para algumas reuniões com autoridades oficiais do departamento de cultura local. Nas horas vagas, eles passeariam.

Para não correr o risco de ser fotografado em um bar e acusado de passear com dinheiro público, Sturm afirma que comprou as passagens com milhas próprias para ele e para Lara e também pagou do bolso o hotel. Ao chegar ao destino, ele diz, descobriu que, por um engano, havia reservado um quarto só, mas com camas separadas. Os dois ficaram no mesmo quarto nas primeiras noites (duas ou três) e, depois, trocaram de quarto.

A gravação mostra Lara nervosa, dizendo que seria demitida porque não teria feito sexo com Sturm no Canadá. Ele responde com indignação, dizendo que não precisaria ir até o Canadá para isso. Os dois terminam a discussão ainda tensos, mas, antes que Lara saia da sala, Sturm diz que não a está demitindo. À reportagem, ele diz: “Nunca tivemos relação sexual, nunca houve nudez, nunca brincamos de médico um com o outro”. Ele, no entanto, diz se arrepender de como falou com sua funcionária durante a reunião. “Eu falo de forma grosseira, levanto a voz.”

Sturm diz que não demitiu Lara e que pretende conversar com ela nos próximos dias. “A viagem foi em novembro e Lara continua trabalhando aqui até hoje. Presenteei a equipe com um livro para cada um, incluindo ela, no fim do ano. Fizemos fotos juntos. Não há denúncia de nada, mas sim um monte de fofocas”, diz ele.

Apesar de desqualificar algumas denúncias do envelope pardo – ele diz que Marília Alves Barbour nem sequer tem filhos para usar o transporte para ele de forma irregular – Sturm diz que as enviou para a Secretaria de Justiça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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