Steve Carell preserva intimidade

Em um hotel de Londres, o repórter se encontra com Steve Carell e comenta a discreta elegância do astro de 51 anos. “Obrigado”, afirmou ele, que usa óculos, está de suéter e com a barba por fazer. O ator e comediante mais famoso pelo papel de chefe incompetente da série de TV americana The Office, em que ficou por seis anos, além de filmes como O Virgem de 40 Anos, em 2005. Carell deixou o seriado no auge do sucesso, para focar em sua carreira cinematográfica e, na última década, se firmou como “estrela de comédia mais confiável”, segundo a revista The New Yorker.

Em seu novo trabalho, Tudo por Um Furo, sequência de O Âncora, de 2004, que conquistou uma impressionante legião de fãs, ele interpreta Brick Tamland, um personagem surreal. “Ele é inocente e infantil”, explicou. Mas Tudo por Um Furo, que estreia na sexta-feira, 28, no Brasil, também traz piadas fortes sobre racismo, drogas e deficiências.

Qual seria o limite para fazer o público rir? “Não acho que há limites em comédia. O Will (Ferrell), por exemplo, sempre se arrisca para fazer humor. Ele tenta qualquer coisa e não coloca nenhuma barreira para fazer novas piadas”, contou ele sobre o colega. No filme, Ferrell e sua ‘equipe’ vão aos limites quando fingem fumar crack na TV e soltam pesadas piadas racistas. “Em comédia, você nunca sabe o que vai fazer graça, que piada vai dar certo. Especialmente, no improviso. A maior parte do improviso não funciona, mas são os pedaços que dão certo e aproveitamos no final. Mas, ainda, há dias que improvisamos tudo e fica hilário”, concluiu.

Tudo por Um Furo tem várias participações especiais, de Jim Carrey a Liam Neeson. “Foi surreal. Essa é uma produção que não tenta mudar o mundo. No geral, é um filme ridículo e divertido. É ótimo poder ir assistir algo que só tem a pretensão de fazer rir”, defendeu Carell. Em uma das cenas mais hilárias, seu personagem tem dificuldades para apresentar a previsão do tempo na frente de uma tela azul. “Se eu fosse convidado para apresentar o tempo de verdade, seria um grande fracasso. Aliás, todos nós seríamos fracassados como jornalistas.”

Há um vídeo na internet do teste de Steve para o filme original, em 2004. “Foi muito importante. O Adam (McKay, diretor) e o Will Ferrell são mais responsáveis pela minha carreira que qualquer outro. Eles me deram chance. Eu não era conhecido, nenhum de nós, com exceção do Paul Rudd. Foi então que eu conheci o produtor Jude Apatow e escrevemos O Virgem de 40 Anos.” Mas ele recorda que quase não conseguiu o papel no primeiro filme, por causa de trabalhos prévios. “Eu tinha interpretado um âncora no filme Todo-poderoso, com Jim Carrey, e alguns produtores não achavam interessante que eu repetisse”, lembrou Carell. Sobre truques de atuação: “Só preciso estar em cena como se não soubesse nada do que está acontecendo. Não revelo meus truques”.

Carell não anda com uma equipe, como toda estrela de Hollywood e não faz nada para chamar a atenção. Ser normal e amigável é preciso, segundo ele. “Todo mundo deveria ser normal e simpático.”

Assim como seu colega Will Ferrell, Carell faz comédia insana, mas mantém sua intimidade preservada. “Você acha que eu pareço normal?”, perguntou. “Conheço muitas pessoas em Hollywood que são legais, mas que, em público, não parecem normais ou boas. Entretanto, você ficaria surpreso se descobrisse a verdade”, comentou, em tom de mistério. “Não acho minha vida tão interessante, por isso quase não posto nada no Twitter. Ninguém vai querer ler meus pensamentos.”

Os personagens do novo filme têm um figurino particular, no fim da década de 70. “Eu me encaixo perfeitamente naquele figurino. Eu era vivo naquela época, sabe? Tinha cabelo comprido, bigode. Eu era bem bonito”, confessou, praticamente descrevendo o visual do personagem de Paul Rudd, Brian Fantana.

Steve Carell resolve também falar do que o incomodava nessa época. “Eu era supertímido no colégio. Levei tempos para criar coragem de convidar minha futura mulher para sair comigo”, disse ele, hoje pai de dois filhos.

É verdade que haverá uma versão alternativa de Tudo por Um Furo? “Sim. O diretor editou outra versão com várias piadas que ficaram de fora e acho que será um DVD. São as mesmas cenas, mas diferentes piadas, pois nós gravamos várias versões de cada cena”, acrescentou o astro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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