À primeira vista pode parecer estranho que O Terminal, novo filme de Steven Spielberg, abra um festival como o de Veneza. É isso que ocorrerá hoje à noite, na Sala Grande, a principal do evento, no Palácio do Festival, ao lado do Casino. E não é a primeira vez que acontece. Por exemplo, em 1998, o mesmo Spielberg, e sua equipe, tomaram a Serenissima de assalto para fazer a pré-estréia mundial de O Resgate do Soldado Ryan, estrelado por Tom Hanks. Por coincidência, ou não, Hanks é também o astro de O Terminal.
Spielberg não concorre, como não concorrem outras megaproduções norte-americanas que estarão no Lido de Veneza na categoria “fora de concurso”. São títulos que não se enquadram no modelito “filmes de arte”, aptos a disputar o cobiçado Leão de Ouro. Mas não iriam perder a oportunidade midiática de aparecer em Veneza. Afinal, a imprensa cinematográfica de todo o mundo estará reunida no Lido, de hoje ao dia 11, para acompanhar a 61.ª edição da mostra italiana. Uma bela e ampla caixa de ressonância, sonho dourado de todo assessor de imprensa que se preze.
Veneza, como de resto os outros dois grandes festivais do mundo, Cannes e Berlim, jogam essa cartada dupla – entre a arte e o comércio que, nem sempre, diga-se, são excludentes. Aliás, o Brasil, ao contrário do que aconteceu por anos seguidos, não tem um único representante no festival italiano, nem mesmo nas mostras secundárias.