Apesar do clima de incerteza econômica, galeristas afirmaram que as vendas na SP-Arte 2015 – Feira Internacional de Arte de São Paulo, encerrada no domingo, dia 12, no Pavilhão da Bienal, superaram as expectativas. “O mercado de arte é muito específico e não é termômetro para o que acontece no País”, diz Marília Razuk, representante do escultor Amilcar de Castro (1920-2002), grande destaque de seu estande.
A galerista considera, sem mencionar valores, que a feira de 2015 tenha alcançado movimentação parecida com a edição anterior. “Pode ter sido um pouco menor, mas não podemos nos queixar”, define Marília, completando que os colecionares – em sua maioria, “mais abastados e já iniciados” – não estavam inseguros para comprar. A paulistana Luisa Strina, que vendeu diversas obras de Anna Maria Maiolino, também avaliou que foi constante o ritmo de negociações no espaço de sua galeria.
Entretanto, a representante da Galeria Van de Weghe de Nova York no Brasil, Luciana Junqueira, teve uma percepção diferente. “Tivemos uma movimentação de vendas bem menor que o ano passado, cerca de metade”, diz Luciana. O estande da nova-iorquina tinha I Love You But I Don’t Like You, um grande trabalho circular vermelho de 2,13 metros de diâmetro do astro britânico Damien Hirst, como sua obra mais procurada. “Não foi vendida”, afirma a representante da Van de Weghe sobre a peça, avaliada em US$ 950 mil (aproximadamente, R$ 2,968 milhões). “Viemos para a feira bem receosos, mas conseguimos fazer vendas e contatos que pagaram nossa participação”, explica Luciana, destacando, de fato, a venda de um desenho de Lucio Fontana de 1965.
Para se ter uma ideia, a SP-Arte movimentou cerca de R$ 250 milhões no ano passado, calcularam seus organizadores. Segundo a diretora da feira, Fernanda Feitosa, ainda não é possível prever os valores de vendas ocorridas em 2015 – o cálculo é feito a partir do montante de isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) estipulada por decreto da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo para os cinco dias do evento (em 2014, foram R$ 100 milhões).
De dado concreto, entretanto, Fernanda Feitosa comemora o aumento de 5% de visitação do público em relação ao ano passado, chegando à marca de 23 mil pessoas. “Tivemos também 30% de visitantes a mais no primeiro dia da SP-Arte”, conta. Para a advogada, que promove a feira desde 2005, mais estrangeiros passaram pelo evento desta vez – dentre eles, 70 colecionadores de fora.
Para a diretora da feira, que teve a participação de 140 galerias (delas, 57 estrangeiras), a faixa de preço das obras expostas não tem aumentado. Fernanda discorda que o evento tenha recebido, cada vez mais, peças milionárias, mas era possível, por exemplo, encontrar uma pintura de Alfredo Volpi avaliada em R$ 5 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.