A partir desta semana, São Paulo recebe uma verdadeira maratona de exposições de arte em diversas galerias da cidade. O que impulsiona a realização das mostras é a SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo, cuja 15ª edição fica em cartaz desta quarta, 3 (para convidados), a 7 de abril no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera.

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Com o espaço interno do evento dividido entre as galerias, muitas aproveitam para expandir o conteúdo apresentado para fora dali, sejam em suas próprias sedes ou mesmo em espaços preparados exclusivamente para as exposições.

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A arte contemporânea é a que está mais representada entre as exposições. Jovens artistas são os grandes destaques de algumas galerias. Na Emmathomas (Alameda Franca, 1.054), duas mulheres são reunidas na mostra Onde Havia Florestas, Habitam Almas. A mineira Luisa Almeida mostra seus personagens cativantes e figuras femininas fortes feitas a partir da técnica de xilogravura, enquanto a fluminense Sani Guerra apresenta sua nova série de pinturas, Seres do Acaso.

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Outro jovem artista que ganha uma exposição nesse período é o paulista Andrey Zignnatto, que apresenta suas peças e instalações feitas com base em materiais de construção, na mostra Reforma: Canteiro de Obras, em cartaz na galeria Janaina Torres (R. Joaquim Antunes, 177). Zignnatto utiliza em seus trabalhos mais recentes os materiais em diálogo com três diferentes culturas, do Brasil, Peru e Emirados Árabes, por onde esteve nos últimos anos.

A questão política é destaque numa exposição com o trabalho do também paulista Bruno Novaes. O artista, que já trabalhou como professor em escolas públicas e privadas, faz uma reflexão sobre o sistema educacional brasileiro na mostra Capítulo 2: O Professor Deverá Ser o Último a se Retirar, Mesmo nos Dias de Chuva, já aberta no Paço das Artes (Av. Europa, 158). Durante seu período como educador, Novaes sofreu, inclusive, preconceito por sua sexualidade, o que também se reflete em seu trabalho, que mistura pintura, desenhos e instalações.

“As obras aqui exibidas são uma forma de resposta a um sistema de educação, opressivo e castrador, pois as escolas exercem um papel determinante na construção de hábitos, costumes e no modo de ser de um indivíduo”, acredita Novaes. Uma das obras, Ensino Confessional, é interativa e convida o público a sentar numa carteira escolar e escrever confissões anonimamente.

Coletivas

Enquanto algumas galerias aproveitam para dar enfoque a um artista, outras preferem utilizar o período da SP-Arte para abrir um leque de nomes. O Escritório de Arte Rosa Barbosa, por exemplo, utiliza o antigo ateliê do artista José Zaragoza (R. Amauri, 76) para uma exposição coletiva sobre paisagem.

Em Paisagens, Horizontes e Trocas, obras do próprio Zaragoza, morto em 2017, se misturam com peças de Guy Veloso, Leonora Weissmann, No Martins, Osvaldo Gaia, Rafael Zavagli, Renan Cepeda e Tatewaki Nio. “São nomes de distintas poéticas e suportes, mas que nem por isso deixam de possuir afinidades ou olhares complementares”, diz o curador Theo Monteiro.

Já a galeria Choque Cultural (R. Miguel Calfat, 213) dita um tom mais político em sua coletiva anual, Em Choque, já em cartaz. São apresentados no galpão da galeria trabalhos recentes e inéditos de Alê Jordão, coletivo Bijari, Daniel Melim, Jaca, Mariana Martins, Narcélio Grud, Rafael Silveira e mais artistas.

Na galeria Nara Roesler (Av. Europa, 655), a mostra Reflections on Space and Time, feita em parceria com a galeria francesa Kamel Mennour, traz obras de artistas de variadas vertentes, como Abraham Palatnik, Alicja Kwade, Anish Kapoor, Bruno Dunley, Camille Henrot, François Morellet, Mohamed Bourouissa, Laura Vinci, Lucia Koch, entre outros. São apresentadas esculturas, instalações e pinturas, com o objetivo de fazer o público refletir sobre o conceito de espaço e a fugacidade do tempo.

Internacionais

Também na Nara Roesler, está em cartaz uma mostra solo, do artista suíço Philippe Decrauzat. O artista leva sua abstração geométrica para variados meios de expressão, como murais, instalações, filmes e esculturas. Um dos destaques é o tríptico Black Paintings, que mistura conceitos de escultura e pintura. Para a galeria Nara Roesler, o trabalho de Decrauzat faz um “interessante diálogo com dois titãs do movimento cinético e Op Art – Julio Le Parc e Abraham Palatnik”.

Outro nome estrangeiro que ganha destaque é o escocês Daniel Mullen, que propõe uma experiência sensorial na individual Equação das Cores. Especialista em pinturas abstratas, o artista apresenta a série Synesthisia, produzida em parceria com sua mulher, a cineasta Lucy Cordes Engelman.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.