Este é, sem dúvida, um dos grandes concertos internacionais deste ano no Brasil. Em recital solo, Ilya Gringolts apresenta um dos mais difíceis ciclos violinísticos da história da música: as três sonatas e as três partitas de Johann Sebastian Bach, verdadeiro ?Himalaia? que poucos ousam enfrentar no palco. Gringolts, um russo de São Petersburgo de apenas 24 anos, contratado exclusivo da Deutsche Grammophon, foi o mais jovem vencedor do Concurso Premio Paganini. O recital, no Guairinha, será na terça-feira 24 de outubro, fechando a temporada 2006 dos Concertos Itaú Personnalité.
A mais nova sensação mundial do violino chama-se Ilya Gringolts, um russo de São Petersburgo, 24 anos completados em 2 de junho passado, que surgiu para o Ocidente aos 19 anos, em 2002, já como contratado exclusivo da mais prestigiada gravadora clássica do mundo, a Deutsche Grammophon, gravando os concertos para violino de Tchaikovsky e de Shostakovich com a Filarmônica de Israel regida por ninguém menos do que Itzhak Perlman, outro mago do violino. Vieram depois três outros CDs pela Deutsche, um deles com duas das partita e uma das sonatas para violino solo de Johann Sebastian Bach. E também dezenas e dezenos de concertos, com orquestras como a Sinfônica de Chicago e a Filarmônica de Londres e maestros como Barenboim, Masur e Abbado, além de recitais solo e de música de câmara junto a músicos como o violista Yuri Bashmet e o pianista Leif Ove Andsnes.
Gringolts, que veio ao Brasil em 2004, apresentando-se em duo com o pianista Itamar Golan, retorna aos Concertos Itaú Personnalité, desta vez para repetir uma façanha que o celebrizou no lendário Festival de Salzburgo, dois anos atrás: um recital-solo.
Em 2004, no recital que fez na sala Mozarteum da cidade natal de Wolfgang Amadeus Mozart, ele interpretou peças-solo de Ysae, Bartók, Paganini e a famosa Partita BWV 1004 de Bach. Agora, o desafio é ainda maior: interpretar, numa só noite, as três sonatas e as três partitas para violino solo, escritas por Johann Sebastian Bach entre 1717 e 1723, período em que o compositor foi mestre de capela da cidade alemã de Cöthen. Para que se tenha uma idéia, nesta maratona cabe, por exemplo, a célebre Chaconne da suíte para violino solo em ré menor da segunda partita, que sozinha tem duração de aproximadamente 17 minutos. Pela grandiosidade da empreitada, haverá dois intervalos em cada recital, Sobre as Sonatas e Partitas – ? O catálogo das obras de Johann Sebastian Bach, abreviado pelas iniciais BWV, lista treze obras-solo que fogem ao parâmetro comum da música de câmara do século 18, onde em geral instrumentos melódicos como a flauta, o violino e o violoncelo eram sempre acompanhados pelo ?baixo contínuo?, a cargo do cravo, clavicembalo ou clavicórdio, antecessores do piano moderno. Seis delas, numeradas BWV 1001 a 1006, são as sonatas e partitas para violino solo, compostas provavelmente para provar que era possível fazer grande música solo para instrumentos melódicos…
As peças são dificílimas, porque nelas Bach que teve no violino seu primeiro instrumento recorre às cordas duplas, aos arpejos e outros recursos técnicos, explorando-se todo o tempo os sons harmônicos.
Quem as estreou foi um dos maiores virtuoses do violino do século 18, Johann Georg Pisendel. O italiano Alberto Basso, em monumental estudo sobre o compositor, afirma ser ?unânime, entre os estudiosos de todos os tempos, colocar estas seis obras como o clímax de tudo que se produziu em séculos de literatura para violino?. Ilya Gringolts se apresenta também, com o mesmo programa, em São Paulo (Theatro São Pedro, dia 23 de Outubro).
Serviço:
Concertos Itaú Personnalité, 24 de outubro de 2006, terça-feira, 20h30, Ilya Gringots, violino, no Guairinha/Auditório Salvador de Ferrante, Rua XV de Novembro s/n. Ingressos: R$ 36,00 (R$ 24,00 para clientes Itaú Personnalité) Vendas e informações: Telentrega, telefone: 3253-0003 e Guairinha, telefone: 3304-7982.