Som ruim prejudica shows no Palco Sunset do Rock in Rio

A quarta edição do Rock in Rio no Brasil teve início, com atraso de vinte minutos, no Palco Sunset, o secundário, criado com o intuito de promover encontros entre artistas de linguagens semelhantes ou completamente diferentes. O primeiro dia deste palco – sempre com previsão de receber quatro shows diariamente – teve um saldo negativo: tanto no quesito equalização quanto no musical.

O atraso foi causado por problemas técnicos no som. A produção parece ter se esquecido do equilíbrio sonoro (em todos os sentidos) e a curadoria foi equivocada. Durante a apresentação de Bebel Gilberto e Sandra de Sá, que trocaram um beijo na boca, um senhor quase pulou a grade dos técnicos de som, gritando: “Vocês não estão percebendo que o som está vazando? Não dá para entender nada do que está sendo cantado!”

Os trabalhos foram abertos às 15 horas com show da Orkestra Rumpilezz, de Salvador, capitaneada por Letieres Leite, Móveis Coloniais de Acaju e Mariana Aydar. O destaque do show foi o grupo baiano, com seus temas criados a partir dos toques de candomblé. Mas todos os quase 30 músicos (entre Rumpilezz, Móveis e Mariana) foram prejudicados por problemas técnicos como microfonias.

Depois do primeiro show, foi a vez da mistura entre Ed Motta, Andreas Kisser e o português Rui Veloso. Com uma formação de cinco guitarras, baixo, bateria e vocal, os músicos jogaram para a plateia e resgataram clássicos do rock, com um repertório que contemplou Beatles, Eric Clapton, Led Zeppelin. Não convenceram.

Em seu primeiro dia, o Palco Sunset abusou de interpretações de canções antigas. Foi o mesmo que se viu no show de Bebel Gilberto e Sandra de Sá. As duas – que se conheceram por intermédio de Cazuza – fizeram um apresentação ancorada nos sucessos do compositor, como Ideologia, Todo Amor que Houver Nessa Vida e Brasil. Todas com problemas de desafinação e a falta de carisma de Bebel, que ainda aniquilou a clássica Sun is Shining, de Bob Marley. Uma apresentação patética, que só foi salva pela energia de Sandra de Sá, cantando clássicos de sua carreira, como Joga Fora no Lixo e Olhos Coloridos. Além disso, a dupla interpretou temas de Adriana Calcanhoto e O Rappa, mas não chegou a levantar a plateia diversificada, com muitas famílias, jovens e pessoas de diversas partes do País, exibindo bandeiras de Pernambuco e de times, como do Remo, do Pará.

 

Enquanto isso, num palco menor, duas bandas independentes europeias tentavam fazer frente aos hoje gigantes da música brasileira: a portuguesa The Gift (que emocionou seu modesto público tocando no final a canção Índios, do Legião Urbana) e os modernos dinamarqueses do Asteroids Galaxy Tour – liderados pela robótica loira Mette, que lembrava a replicante vivida por Daryl Hannah no filme Blade Runner. Os músicos do Móveis Coloniais de Acaju, banda brasileira, compareceram em peso para ver os dinamarqueses.

Hoje o Sunset trará os encontros de Marcelo Yuka com Cibele, Karuna Buhr e Amora Pêra; Tulipa Ruiz com Nação Zumbi; Milton Nascimento com Esperanza Spalding; e Mike Patton com Mondo Cane com e Orquestra de Heliópolis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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