Solista do Royal Ballet, Thiago Soares estreia no Scalla

Tão impressionante como sua agilidade é a simplicidade do bailarino Thiago Soares. Ele tem o dom de transformar um ato corriqueiro, como trocar uma lâmpada, em um ensaio coreográfico com gestos apurados e nada afetados. É graças a essa rara desenvoltura que Thiago está há quase uma década à frente do Royal Ballet de Londres e, mesmo depois de inúmeros feitos, continua surpreendendo: ele estreia hoje no Teatro Scalla de Milão.

Convidado por Sylvie Guillem, considerada a maior bailarina francesa ainda em atividade, Thiago será seu partner na noite de abertura e em mais duas récitas do balé L’Histoire de Manon. “Desde que comecei, sempre gostei de enfrentar desafios”, conta ele, cujo início de carreira é justamente uma proeza. Enquanto a maioria dos bailarinos inicia muito jovem, Thiago, nascido em Niterói, já estava com 16 anos quando teve suas primeiras aulas de balé clássico, depois de uma passagem pelo street dance, capoeira e circo. “Eu dançava em Vila Isabel, até que fui convidado para dançar balé.”

Como profissional do Municipal do Rio, a primeira boa surpresa: ganhou medalha de prata em um concurso em Paris e outra, também de prata, no Moscou International Dance Competition. O suficiente para ser convidado a estudar na Rússia, no Kirov, durante um ano. A eficiência o levou, em 2002, ao Royal Ballet, no qual aprendeu a moldar a ambição – acostumado a interpretar os principais papeis, no balé russo teve de iniciar em posições mais baixas. “Foi uma grande lição, que pratiquei nas coreografias em que trabalhei em seguida”, conta.

No Royal, Thiago também poliu sua técnica. “Aos poucos, percebi que lá existe um jeito próprio de dançar, muito próximo da atuação teatral. O personagem fala através do corpo, com forte carga dramática. E, graças à minha experiência com o street dance, consegui me adaptar com facilidade.”

Na verdade, o brasileiro, com suas particularidades latinas depuradas pela técnica, levou novos elementos ao consagrado corpo de baile britânico, o que logo o alçou à condição de primeiro bailarino já em 2003. Iniciou, assim, uma série de elogiadas apresentações em espetáculos como Eugene Onegin, A Dança do Cisne, O Quebra-Nozes, entre outros. “Ao lado de diversos intérpretes, aprendi outras formas de movimento e ainda novas tendências.”

As conquistas também foram amorosas – no Royal, Thiago enamorou-se da argentina Marianela Nuñez, primeira bailarina do Royal desde 2002. “Descobrimos um entrosamento dentro e fora do palco”, diverte-se ele, pronto para uma nova fase, inaugurada com a estreia hoje no Scalla de Milão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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