Era como se os astros se posicionassem prevendo um cataclismo. A partir de abril de 1965, com Elis Regina vencendo o primeiro Festival Nacional da MPB da TV Excelsior com Arrastão, música do menino Edu Lobo e letra da já autoridade Vinicius de Moraes, a força centrífuga de produção musical do País migraria dos núcleos isolados em apartamentos da zona sul do Rio, esquinas de Belo Horizonte e casas de jazz na Praça Roosevelt de São Paulo para os grandes festivais. Pela primeira vez, baianos, cariocas, mineiros, paulistas, cearenses, paraibanos e uma gaúcha, Elis, seriam abrigados sob um mesmo teto e teriam um mesmo propósito com suas criações: a vitória.

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A TV Record, de Paulo Machado de Carvalho, tomou da Excelsior as rédeas do negócio e chegou a ter praticamente todo o casting popular sob seu controle. Elis, Jair Rodrigues, Roberto Carlos, Elizeth Cardoso, os programas eram todos seus. Nos festivais, a melhor música brasileira era colocada em competição, como em uma corrida de cavalos, nas palavras de Edu Lobo, e o resultado era explosivo. A audiência fenomenal das novelas em outras emissoras era finalmente abatida pela, quem poderia imaginar, MPB.

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Um dos mentores da engenharia da espetacular fase em que a arte, mesmo censurada, vivia um nivelamento artístico exigente via festivais foi Solano Ribeiro. Suas memórias, lançadas primeiro em 2003 sob o título Prepare seu Coração, foi revisada, ampliada e embalada em nova capa para sair de novo às lojas. O lançamento será dia 18, às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

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Solano não fez entrevistas ou recorreu a arquivos. “Tudo o que escrevi foi o que vi.” São bastidores preciosos. Um dos que só aparecem agora falam do violonista Baden Powell embriagado no camarim no Festival OTI (da Organização da Televisão Ibero-Americana), em Madri, minutos antes de sua apresentação. Solano sugere que ele seja levado a um hospital, mas se surpreende quando o apresentador anuncia sua entrada, ao lado do cantor Tobias, da cantora Claudia Regina e do maestro Carlos Monteiro de Souza, para defender a canção Diálogo. “Não acreditei no que via”, escreve Solano. Depois de uma grande apresentação, com um violão arrasador, Baden leva o primeiro lugar da noite.

Surge uma polêmica na página 76. Solano se refere ao diretor da Record, Paulinho Machado de Carvalho (morto em 2010), e ao pesquisador Zuza Homem de Mello de uma forma que vai indignar Zuza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.