Entrevista: Paulo Machline, diretor.
Paulo Machline dirigiu Natimorto e Trinta, sobre Joãosinho Trinta. Dois filmes bem diversos um do outro. O Filho Eterno não era um projeto dele, mas Macline terminou por fazê-lo a seu modo.
Cristóvão Tezza viu o filme no Festival do Rio e diz que agora é outro filme. O que você mudou, afinal, nesses dois meses?
Na verdade, foram coisas simples. Estava no Uruguai, gravando, quando O Filho Eterno foi finalizado no Brasil. Seguia a distância, mas não é a mesma coisa. O som foi equalizado muito alto. Os foguetes do futebol parecem tiroteios. E o filme tinha muita música, você escreveu isso quando viu o filme no Rio. O que fiz foi baixar o som e tirar a música, só. Nas cenas em que o garoto desaparece e o pai o procura na rua, seu desespero aumenta. Havia música demais. Agora, ficou só o ritmo da respiração ofegante do Marcos (Veras). E só isso fez outro filme, é verdade.
Você vacilou antes de aceitar fazer o filme. Por quê?
Porque achava que não era o meu universo. Bobagem, é uma história de afeto, de pai e filho. Basta olhar sem preconceito. Mas os pais com filhos especiais têm problemas com o livro, com o filme. O Cristóvão teve muita coragem ao dizer o que muitos pensavam, mas não tinham coragem de admitir. “Não quero esse filho!” Acho que a coisa começou a funcionar quando descolei do livro. Dei mais importância à mulher. Criei a minha história. De certa forma, transformei um livro de alta literatura num filme acessível. E agora estou feliz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.