Magaléa Mazziotti
Se você tem um relacionamento e é um desconfiado de plantão por R$ 29,90 é possível confirmar ou não se o alvo de tantas dúvidas é fiel ou não. E pela internet, no site www.fidelidadeface.com.br. O serviço que faz uso da rede social Facebook para “testar” os respectivos companheiros, contrata pessoas com perfis reais para se insinuarem a quem é a razão de tanta desconfiança. As conversas no chat do Facebook são as provas encaminhadas aos clientes do novo serviço que em menos de um mês já chegou à casa dos milhares.
Um dos responsáveis pelo novo serviço, o sul matogrossense Flavio Estevam, 32 anos, que traz no currículo a criação do também polêmico site Namoro Fake (www.namorofake.com.br) se mostra satisfeito com os novos modelos de negócio. “Os dois serviços, de certa forma, são disponibilizados no mundo real e baseados em observações dos anseios das pessoas. No mundo há aqueles que choram e os que fabricam lenços. Eu escolhi ser um dos que fabricam”, justifica. Segundo ele, o seu negócio mais antigo, o Namoro Fake, no qual comercializa perfis de pessoas reais para quem quer exibir no Facebook como “ficantes”, namorados ou namoradas, ex ou ainda namorados e namoradas “tops”, já atendeu 12 mil usuários da rede. O preço do serviço varia de R$10 a R$120 dependendo do pacote precificado conforme o número de comentários desejado. Os dois serviços contratam pessoas com perfis reais que ganham metade do valor do pacote. “Mais de 95% dos candidatos a trabalharem de atendentes são reprovados. Quem criou o perfil em 2013 nem tem chance de ser selecionado”, alerta Estevam. Com essa medida, ele reduz ainda mais o risco de processo de falsidade ideológica. “Na verdade, quem responde por perfis fakes é o Facebook. Além disso, temos site próprio, não arrematamos os clientes via página do Facebbok”, esclarece.
Estevam conta que o modelo de negócio para o Namoro Fake já virou tem de estudo de faculdades de administração. “Sempre fui um empreendedor nato, tanto que há cinco anos tenho uma empresa (MS Sites) que cria páginas na internet. Mas esses dois serviços tiveram uma repercussão e procura surpreendentes”. O sócio dele, o carioca Luís Vinícius Barreto, 21 anos, que criou o Fidelidade Face assim como Estevam se inspirou no cotidiano de amigo. “Um casal de amigos dele teve uma discussão porque um sempre apagava as conversas no chat. Aí ele perguntou se eles pagariam para ter acesso a essas conversas”.
Insegurança alimenta mercado
O pesquisador de cyber jornalismo e professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Toni André Vieira, avalia que tais serviços refletem a extensa gama de oportunidade oferecidas pela internet. “Alguns terão sucesso, outros não, mas todos substituem entidades do mundo real. Quem nunca soube de uma história onde alguém pediu a um amigo comprovar se a namorada é fiel ou pediu para uma amiga fingir um relacionamento só para se exibir”, questiona. Vieira, no entanto, faz uma ressalva aos novos contratantes do serviço. “Não há tecnologia capaz de resolver a insegurança do sujeito. Pelo contrário, o preço baixo desses aplicativos só ajuda a alimentar tais desvios”.