Depois de quatro anos sem gravar um disco, a ousada, polêmica e talentosa Sinéad O’Connor presenteia seu público com Theology, álbum duplo que chega ao Brasil licenciado pelo selo LAB 344 e distribuído pela gravadora carioca ROB Digital. O repertório é formado, em sua maioria, por músicas da própria O’Connor, que afirma ter sido influenciada por emoções nascidas após os atentados de 11 de setembro.
“Theology é uma tentativa de trazer um pouco de paz a esses tempos de guerra. O mundo inteiro se tornou muito perigoso naquele dia”, afirma a artista. “Eu simplesmente quis criar algo belo e inspirador”.
Cada um dos discos de Theology apresenta a cantora irlandesa de forma diferente, apesar de ambos conterem o mesmo repertório. Dublin sessions, produzido pelo irlandês Steve Cooney e co-produzido por O’Connor e Graham Bolger, é minimalista e acústico. Já London sessions traz canções interpretadas por uma banda completa, com todo o aparato eletrônico. Os arranjos assinados por Ron Tom incluem bateria, guitarra, baixo, piano, harpa, violino, metais, vocais e percussão. Entre os artistas convidados, está a lenda do reggae Robbie Shakespare.
“Durante minhas apresentações, há sempre um momento acústico, muitas vezes considerado o melhor do show. No processo de gravação, eu não consegui abrir mão do desejo de fazer um álbum acústico. Mas, ao mesmo tempo, fiquei encantada com o trabalho do Ron”, explica O’Connor. “Theology é o resultado dessas duas versões.”
As composições apresentadas são resultado de uma imensa gama dê influências musicais e literárias vivenciadas pela artista desde a infância. Entre essas influências estão: We people who are darker than blue, de Curtis; Mayfield; a interpretação feroz de Lloyd Webber e Tim Rice para I don’t know how to love (em Jesus Cristo superstar); e o reggae Rivers of babylon. Todas tiveram letras reescritas por Sinéad nesse álbum. O single Something beautiful é também emblemático desse trabalho.
Sinéad Marie Bernadette O’Connor nasceu em Dublin no ano de 1966. A vida de Senéad foi marcada por fatos tristes e marcantes desde sua infância. Ela já sofreu abusos e tentou suicídio mais de uma vez. Homossexual assumida, a original e polêmica cantora irlandesa se destacou por ter uma voz doce, e ao mesmo tempo apresentar aparência e atitudes rebeldes.
Seu álbum de estréia intitulado The lion and the cobra foi lançado em 1988, mas foi só em 1990 que ela ficou mundialmente conhecida e estourou no mercado fonográfico com a música Nothing compares 2 U, presente em seu segundo álbum. Por esse trabalho, O’Connor recebeu o Grammy de melhor canção e performance alternativa. Além disso, foi a primeira mulher a conquistar um prêmio de melhor vídeo pela MTV. Na época, o álbum I do not want what I haven’t got atingiu o primeiro lugar no ranking da Billboard.