No último Festival de Teatro de Curitiba, em março, Silvero Pereira causou furor ao apresentar Br Trans, espetáculo que teve curta temporada em São Paulo, em junho. Acompanhado apenas por um músico no palco, ele fazia tudo sozinho: cuidava da luz e era contrarregra enquanto contava histórias das travestis que conheceu, tão sozinhas e autossuficientes quanto ele. Agora, o artista volta à cidade para mostrar Uma Flor de Dama.

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Criada em 2002, a montagem nasceu do trabalho social que Pereira fazia em uma comunidade do Ceará. “Tinham muitas travestis por lá e eu via como os homens se deitavam com elas à noite, mas demonstravam preconceito durante o dia”, diz.

Tocado pela situação, ele decidiu passar mais tempo com elas para observar os momentos de diversão, de vida cotidiana e os de prostituição. Após olhar de perto a rotina das travestis e colher depoimentos sobre as histórias de vida e dificuldades enfrentadas, Pereira construiu a dramaturgia, que teve base do conto Dama da Noite, de Caio Fernando Abreu. No texto, a personagem-título faz um monólogo em primeira pessoa, contando tudo o que aprendeu com a sua vivência na noite.

“Esta peça já tem 12 anos e eu ia até parar de fazê-la porque não é mais o tipo de teatro que me interessa hoje”, diz Silvero, que, a convite do Sesc, teve de repensar o espetáculo e mudar partes de interpretação. “Quero que a arte faça com que as pessoas questionem as coisas, independentemente de aceitarem ou não. Isso é o que vale.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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